MAC N.º 1 - O Guerreiro | Page 18

- MAC - O Guerreiro - 1ª Edição Literatura Cada participante procuraria viajar para outra pele, estivesse ela presente ou não. O protagonista, que está sempre, tanto em si quanto nos outros, seria o centro gravitacional da encenação não-encenada. Deveria ser dele a perspectiva que se materializaria em palco, segundo as expectativas que demonstraria enquanto ocuparia peles alheias. Os guiões psicoterapêuticos devem escrever-se assim, sob as ténues linhas do agora que flui espontaneamente segundo as acções de uma pessoa que não está a ser a própria. Depois de decorridos vários minutos de relações improvisadas que se toldariam às margens que se estabeleceriam, o protagonista abandonaria o palco e vir-se-ia sentar na plateia, onde ocuparia o lugar de espectador da adaptação de uma peça da sua memória. Pressupõe-se que esta experiência enquanto mero observador de si seria suficientemente dramática para despoletar uma catarse aristotélica, que produziria uma conscientização de si. O que, por sua vez, levaria ao desbloquear dos papéis que a história pessoal atrofiou. O termo «papéis» neste contexto refere-se às várias dimensões psicológicas do self e das nossas representações mentais. São, no fundo, um conjunto de várias possibilidades identificadoras que, segundo a Teoria dos Papéis, estão no núcleo do desenvolvimento expansivo do ego. 18