Lê e ler Edição 12 | Page 20

apenas por autores famosos. Ter editoras que publicam novos autores é uma porta que se abre. Essas editoras cobram pela publicação e eu tinha certo preconceito quanto a isto, mas depois que comecei a estudar o mercado literário, o preconceito morreu e eu acho louvável ter essa porta aberta, para que grandes escritores, ainda desconhecidos, possam dizer “ei, estou aqui!” A Chiado Editora me abriu essa porta e serei eternamente grata a eles.

Como você lida com comentários negativos sobre seus livros?

É difícil, não é? Você como escritora sabe que isso é difícil. Não sei lidar, embora sempre tenha colocado na cabeça que eles surgirão. Até agora só tive uma leitora que disse não gostar muito do livro, que achou cansativa e repetitiva a forma como escrevi, mas que não deixou de se emocionar com a história. Não foi de todo ruim, conversamos bastante e ela foi muito gentil, inclusive indicou para amigas que passavam por relacionamentos abusivos. Um comentário negativo desse é bem vindo; a maldade, comentários irônicos, com desdém, mostrando aos quatro ventos é que machucam. Também já passei por isto. Fiquei triste, o leitor deveria vir falar comigo, dar sua opinião, poderíamos ter uma troca de ideias construtiva, mas não veio. Enfim... Outras criticas virão. A gente vai se fortalecendo.

Se eu fosse para uma ilha deserta eu levaria...

Livros, músicas e uma pessoa para eu poder reclamar do calor com alguém e dizer que eu preferia estar sozinha nas geleiras do Alasca... rs.

Qual o seu livro preferido na atualidade?

Estou escrevendo um livro sobre racismo, então minha leitura hoje é focada neste tema. Estou relendo “O Sol é para Todos”, da Harper Lee, e digo que é um livro preferido, embora não seja da atualidade. Mas, entre os estudos para meu livro, relaxo tentando colocar minhas leituras em dia e estou lendo, no momento um livro da Ana Beatriz Barbosa, “Mentes Perigosas”, que fala das pessoas frias e más que nos cercam e não percebemos.

11- Qual seu maior sonho como escritora?

Que meus livros ajudem de alguma forma, que encantem, que emocionem, porque escritor é isso: abrir as portas do sonho e da realidade e propagar este vasto caminho do conhecimento.

construtivas é algo maravilhoso. Mas quando eu ouço alguém falar que meu livro ajudou de alguma forma, eu tenho a certeza que já valeu a pena ter escrito, mesmo com um público ainda bem restrito. A forma como escrevi não deve agradar a todos, porque é praticamente um relato, seco, direto, onde obriga o leitor a criar os detalhes, as cenas. Foi bem proposital e acho que se explica na última parte do livro esse narrador alheio aos detalhes. Mas, para minha surpresa, a maioria das pessoas tem gostado da maneira como foi escrito.

Qual foi o livro que te fez entrar no mundo da leitura?

Comecei a ler muito cedo, mas lembro que a coleção Vagalume me prendeu, logo parti para os livros que meu irmão mais velho lia e nunca mais parei. Entre a coleção Vagalume e Agatha Christie, tive outros livros em mãos, mas foi ela que me fascinou.

Você tem inspiração ou ajuda de outros autores para escrever?

Eu me inspiro em todos os autores e pessoas que admiro na escrita, mas, como sou iniciante, apenas sento e escrevo, sozinha, tentando um dia, quem sabe, ter à minha frente pessoas do meio literário que possam me dar dicas, conselhos e ideias. Não sei se funciona assim, mas seria sensacional realizar este sonho.

Você já se inspirou em alguma música ou banda para escrever?

Ainda não. Mas too much love will kill you, com o Brian May e Woman in Chains, com o Tears for Fears acompanharam a construção da Emily.

Você teve alguma dificuldade para publicar seu livro?

Acho que as dificuldades normais de escritores iniciantes. Sempre há contratempos e burocracias para tudo. Publicar um livro não é fácil, num mundo onde as editoras clamam por sucessos prontos e o público busca apenas por autores famosos. Ter editoras que publicam novos autores é uma porta que se abre. Essas editoras cobram pela publicação e eu tinha certo preconceito quanto a isto, mas depois que comecei a estudar o mercado literário, o preconceito morreu e eu acho louvável ter essa porta aberta, para que grandes escritores, ainda desconhecidos, possam dizer “ei, estou aqui!” A Chiado Editora me abriu essa porta e serei eternamente grata a eles.

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