Lê e ler Edição 11 | Page 19

ENquanto eles não vem RObson Gundim

Na primavera de 1978, um misterioso ataque assolou os habitantes de Paraíso Florestal, uma pequena cidade localizada em uma área remota da Bahia. Trinta e sete anos depois, um terrível incidente engole a pequena cidade, obrigando as autoridades a enviarem uma equipe de soldados para investigar o ocorrido.

Desde sua chegada à pacata cidade, David e Lívia deparam-se uma calma sepulcral; ninguém é encontrado nas ruas, nos becos ou nas casas. Na escolinha, os cadernos abertos datam o dia atual. No hotel, um barulho no andar superior denuncia a presença de alguém...

Tomados pela sensação de ameaça iminente, os soldados refugiam-se em uma antiga mansão, desconhecendo o verdadeiro horror que varreu a pequena Paraíso. Dentro daquelas paredes, oculto pelas trevas, o maior e mais escuro de todos os medos os espera.

Eu tenho algo para lhe contar. Calma, não se assuste, antes de tudo, preciso que se sente. Eu sei que isso pode fazer com que eu nunca mais a veja, mas preciso lhe dizer que eles têm razão; eu o matei. Sim mãe, em minhas roupas está seu sangue, cada camisa minha tem o cheiro de outras vidas que eu tirei impiedosamente. Sei que não estava preparada para saber tudo isso, porém, precisava dizer a alguém o quanto eu ria enquanto passava lâmina por aquele corpo imundo. Espere... Não fuja, ainda não acabei. Há outra coisa que preciso lhe dizer: estou sendo atormentado mãe, ele voltou das cinzas, eu vejo seu corpo ensanguentado por toda parte, mas sabe qual é a pior parte? Ele quer se vingar. Sei o quanto isso é horrível, mas não me arrependo do que fiz. Antes que eu me esqueça, você precisa saber que eu vi uma linda mulher aqui, ela também pareceu ter gostado de mim, nossos olhos se encontraram e eu senti algo estranho, algo...bom. Mas ouça, mãe: ela não sabe os reais motivos de eu estar em um manicômio

Esse será um segredo nosso, preciso que não conte nada a ninguém, e acima de tudo, preciso que não conte nada a ela. Acha que pode fazer isso?

E se ela soubesse? R. Christiny

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