Lê e ler Edição 10 ´ | Page 17

E, mais ou menos quando eu tinha 15 para 16 anos, eu comecei a escrever por hobby. E fui percebendo: “cara, o que eu gosto de fazer é exatamente isso!”

E de onde vem a inspiração para suas obras?

Como eu faço histórias que são reais, tudo me inspira. Às vezes eu to na fila do banco e escuto uma história, ou estou aqui sentado e observo os gestos de uma pessoa...

O garoto quase atropelado tem uma história engraçada. No dia que eu recebi o sim para Sereia Negra, meu primeiro livro independente, eu fiquei muito feliz. Ai estava saindo de um estádio, indo para casa, lá em Juiz de Fora, e fui atravessar a rua, mas não olhei o sinal. De repente o carro veio e deu justamente uma freada brusca. E tem essa cena no livro, só que eu não tava de bicicleta. Ai o carro deu aquela freada, eu olhei e ele estava muito próximo, ai deu aquela coisa: eu lembrei de vários momentos bons da minha vida, que estava feliz. Então a partir daí eu tive a ideia do livro e desenvolvi toda uma história em cima dessa cena.

Então a inspiração vem de todos os lugares.

1+1: a matemática do amor é escrito em parceria com o autor Augusto Alvarenga. Como foi o processo de criação desse livro?

Foi muito difícil, porque o 1+1 era uma única história contada sobre dois pontos de vista: do Lucas e Bernardo. A maior dificuldade,

então, foi conciliar tudo. Eu já escrevia YA e o

Augusto tinha uma escrita mais leve, para um público mais infanto-juvenil. Então teve esse conflito de, por exemplo, não tornar a história tão pesada para o público dele, mas também não tão infantil para o meu. E aí tinha também as ideias que ele queria colocar e eu não concordava, e as que eu queria e ele não achava tão legal... Então foi difícil por isso.

(Ah, nós da revista desafiamos você, leitor, a adivinhar quem escreveu cada parte! Depois nos conte!)

E o que você pensa da representatividade na literatura?

Cara, eu gosto muito. Por muito tempo vários subgêneros sociais, grupos de pessoas, ficavam marginalizadas e não se sentiam representadas em uma história. Então acho muito bacana quando escrevo uma história e uma pessoa me manda uma mensagem dizendo que se viu naquele personagem, viu que os conflitos pelos quais ela passa em sua rotina estão ali representados e assim ela se vê como a protagonista de uma história.

Sua família te apoia?

No começo eles me achavam meio doido, mas acho que eu também acharia. Quem em sã consciência vai gostar que o filho fale: ah, eu quero ser escritor! Nesse contexto social que a gente vive no Brasil. Mas conforme eles viram que eu não ia desistir e que as coisas começaram a acontecer, por exemplo eu autografando Um garoto quase atropelado na Bienal, eles nunca mais contestaram o meu sonho e me apoiam até o final.

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