Lê e ler 8º edição | Page 19

A linha tênue de ser autor: ler e escrever

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bril não é apenas o mês do Descobrimento do Brasil, do enforcamento de Tiradentes ou do Dia do Índio. Nesse mês, também é comemorado um tema muito interessante que está em bastante crescimento ao longo dos anos: a literatura nacional. O Brasil, ao longo de sua história, carrega uma grande bagagem de nomes na literatura, desde o século XIX até tempos atuais. Podemos citar Machado de Assis, José de Alencar, Manuel Bandeira, Jorge Amado e Clarice Lispector. Com romances, poemas, crônicas e contos, o país mantém um forte legado junto ao meio literário. Embora o país possua uma representatividade nesse cenário, a leitura ainda não é um hábito comum dos brasileiros. Cerca de 44% da população não lê livros e 30% nunca comprou um livro, conforme a 4ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, de 2016. Em uma nação tão rica culturalmente, esses índices poderiam ser maiores. Dos que leem, a maior parte opta pela literatura estrangeira ao invés da brasileira.

Em comemoração ao mês da literatura nacional, a Revista Lê & Ler convidou o escritor Anderson Assis para compartilhar um pouco de suas vivências sobre o mercado literário brasileiro. Anderson é um exemplo de como a perseverança e o trabalho duro são essenciais para se manter como escritor no Brasil. Suas obras são a trilogia Pré-Mortais e O Mensageiro das Estrelas. O autor não é vinculado a nenhuma linha editorial. Publica seus livros de maneira independente e consegue apoio através de amigos, professores, eventos e muita coragem. Ele também é o organizador da Feira Literária Centro Cultural Municipal de Santa Cruz (FLISC) e do Anime Point, que promove eventos da cultura pop japonesa na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Um cidadão comum que traz uma bagagem sobre a literatura nacional, Anderson esclarece os desafios e também as maravilhas que a escrita foi capaz de proporcionar a sua vida.

Feira Literária Centro Cultural Municipal de Santa Cruz (FLISC) e do Anime Point, que promove eventos da cultura pop japonesa na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Um cidadão comum que traz uma bagagem sobre a literatura nacional, Anderson esclarece os desafios e também as maravilhas que a escrita foi capaz de proporcionar a sua vida.

Qual seu ponto de vista sobre a literatura no país?

Acredito que o Brasil começa a mostrar um grande potencial em relação aos livros e também à escrita porque a literatura não é só um produto de histórias contadas, é bem mais amplo, desde crônicas reais, poesias, romances, até outras formas de escrita. Pela minha vivência, de sete anos para cá, o quantitativo de leitores cresceu muito. As editoras passaram a olhar de modo mais atento ao nosso mercado. Hoje temos uma diversidade maior, não somente com autores estrangeiros como também há um crescimento em relação aos autores nacionais no mercado. Podemos ter acesso à literatura com assuntos mais diversos diferentemente ao que era antes. Considero que está crescendo e que tem muito potencial. Temos que acreditar na nossa literatura e consumir mais livros brasileiros, principalmente, para que as editoras... as grandes editoras entendam que funciona. Só que não é tão simples porque temos uma população praticamente semianalfabeta. O Brasil tem um número muito grande de pessoas sem instrução básica e isso dificulta o consumo de livros, como provavelmente é em outros países, que inclusive é o que possibilita o menor valor no preço de capa desses trabalhos.

Matéria por Moacir Moreno