Kink 101 Vol 3 | Page 19

Kink 101- Lady Vulgata, no decorrer da entrevista iremos descobrir mais a seu respeito, mas inicialmente poderia nos falar um pouco sobre quem és, sua posição no meio e como chegou ao BDSM? L.V.- Obrigada pela oportunidade de estar num trabalho que tanto admiro e que venho prestando bastante atenção em cada edição. Eu sou uma mulher simples, de hábitos simples. Tenho 36 anos, sou jornalista e professora universitária, casada com o Kurumin, tenho uma menina linda de quase oito anos e perambulo pelo mundo desde que me entendo por gente. No meio costumo dizer que sou Top mais por uma questão de persuasão e respeito que tenho das pessoas com quem convivo do que por práticas em si. Já me testei como sub, porém não deu certo. Meu negócio é mandar, manipular e ter quem eu amo embaixo das minhas asas. Cheguei no BDSM de maneira inusitada. Renderia até um romance. Um ex-aluno do UniCEUB, de Brasília, sempre me convidava para tomar um chop e eu nunca aceitava. Dizia que era casada, etc. Afinal, o convite era só comigo. Se fosse um chopinho normal de professores e alunos, teria aceitado de cara. Aliás, tomara que ele possa ler essa matéria pois nunca mais nos falamos... Continuando, ele insistiu algumas muitas vezes e num fim de aula segurou minha pasta e disse: “ninguém tem esses olhos à toa. A senhora conhece A Vênus das Peles?” Fiquei inquieta e respondi que não. Então ele reformulou a pergunta: “conhece Sacher-Masoch e Sade?”. Então respondi que sim, mas que não havia lido nada do primeiro, só um trecho do segundo. Então ele completou: “a senhora precisa conhecer a Wanda. São os seus olhos, os olhos de Wanda”. Encurtando a história, ele acabou por me convencer a tomar o chop, ir até o apartamento dele e pegar num chicote. Caminho sem volta. Kink 101- A Senhora mantém uma relação que além de BDSMer é baunilha, poderia nos falar a respeito? Quais são as maiores dificuldades que uma relação que mescla os dois mundos enfrenta? L.V.- Não vivemos exatamente o 24/7 que se prega por aí. Somos um casal normal, brigamos, temos nossas diferenças e eventualmente vivemos momentos BDSM. O que mais praticamos, quase diariamente, é podolatria e money slave. Também é comum que eu o provoque em fantasias de cuckold, mas nunca concretizamos. Eventualmente ele é meu escravo doméstico, limpa meus sapatos, lava a louça que já estava lavada, limpa a casa e me faz massagens. Porém, no geral ele divide as tarefas domésticas comigo. Eu cozinho e ele lava a louça. Ele cuida dos animais e limpa o pátio, e eu lavo os banheiros. Ele também me ajuda muito com minha filha.; busca na escola, dá jantar, ajuda a fazer as tarefas, etc. Então, é um companheiro, um parceiro e, eventualmente, um escravo. Eu acho que a maior dificuldade é transpor a barreira da fantasia. Digo isso porque acredito que nem tudo o que fantasiamos deve sair desse universo. Na prática, a gente acha que é maduro mas muitas das nossas fantasias acabam por nos machucar no enfrentamento da realidade. Viver tudo que se deseja a todo o custo pode ser perigoso. Nosso casamento quase acabou por isso há cerca de dois anos. Então decidimos ser mais parcimoniosos. Continuamos testando, mas com menos sofreguidão, como se o mundo fosse acabar. Um dia de cada vez. Kink 101- Quais são suas práticas prediletas? A Senhora tem apreço por práticas que envolvam alto grau de sadismo? L.V.Definitivamente não sou sádica. Sei que algumas pessoas vão rir quando lerem isso, mas é verdade. Eu sou uma excelente voyeur e uma mommy maravilhosa, modéstia a parte. É só não me dar uma tala de couro, né pekena? Como práticas preferidas, já tive algumas boas passagens pela inversão e pela hipnose erótica, ramo em que me especializei num tempo em que só dommes gringas se interessavam por isso. Fiz curso de hipnose e converso muito com uma amiga que é mestre nisso. 19