Kink 101- Lady Vulgata, no
decorrer da entrevista iremos
descobrir mais a seu respeito,
mas inicialmente poderia nos
falar um pouco sobre quem és,
sua posição no meio e como
chegou ao BDSM?
L.V.- Obrigada pela oportunidade
de estar num trabalho que tanto
admiro e que venho prestando
bastante atenção em cada edição.
Eu sou uma mulher simples,
de hábitos simples. Tenho 36
anos, sou jornalista e professora
universitária, casada com o
Kurumin, tenho uma menina
linda de quase oito anos e
perambulo pelo mundo desde que
me entendo por gente.
No meio costumo dizer que sou
Top mais por uma questão de
persuasão e respeito que tenho
das pessoas com quem convivo
do que por práticas em si. Já me
testei como sub, porém não deu
certo. Meu negócio é mandar,
manipular e ter quem eu amo
embaixo das minhas asas.
Cheguei no BDSM de maneira
inusitada. Renderia até um
romance. Um ex-aluno do
UniCEUB, de Brasília, sempre me
convidava para tomar um chop
e eu nunca aceitava. Dizia que
era casada, etc. Afinal, o convite
era só comigo. Se fosse um
chopinho normal de professores
e alunos, teria aceitado de cara.
Aliás, tomara que ele possa ler
essa matéria pois nunca mais nos
falamos...
Continuando, ele insistiu algumas
muitas vezes e num fim de aula
segurou minha pasta e disse:
“ninguém tem esses olhos à toa.
A senhora conhece A Vênus das
Peles?”
Fiquei inquieta e respondi que não.
Então ele reformulou a pergunta:
“conhece Sacher-Masoch e Sade?”.
Então respondi que sim, mas que
não havia lido nada do primeiro,
só um trecho do segundo.
Então ele completou: “a senhora
precisa conhecer a Wanda. São os
seus olhos, os olhos de Wanda”.
Encurtando a história, ele acabou
por me convencer a tomar o chop,
ir até o apartamento dele e pegar
num chicote. Caminho sem volta.
Kink 101- A Senhora mantém
uma relação que além de
BDSMer é baunilha, poderia
nos falar a respeito? Quais são
as maiores dificuldades que
uma relação que mescla os dois
mundos enfrenta?
L.V.- Não vivemos exatamente o
24/7 que se prega por aí. Somos
um casal normal, brigamos,
temos
nossas
diferenças
e
eventualmente vivemos
momentos BDSM. O que mais
praticamos, quase diariamente, é
podolatria e money slave. Também
é comum que eu o provoque em
fantasias de cuckold, mas nunca
concretizamos.
Eventualmente ele é meu escravo
doméstico, limpa meus sapatos,
lava a louça que já estava lavada,
limpa a casa e me faz massagens.
Porém, no geral ele divide as
tarefas domésticas comigo. Eu
cozinho e ele lava a louça. Ele
cuida dos animais e limpa o pátio,
e eu lavo os banheiros. Ele também
me ajuda muito com minha filha.;
busca na escola, dá jantar, ajuda
a fazer as tarefas, etc.
Então, é um companheiro, um
parceiro e, eventualmente, um
escravo.
Eu acho que a maior dificuldade
é transpor a barreira da fantasia.
Digo isso porque acredito que nem
tudo o que fantasiamos deve sair
desse universo. Na prática, a gente
acha que é maduro mas muitas
das nossas fantasias acabam por
nos machucar no enfrentamento
da realidade. Viver tudo que se
deseja a todo o custo pode ser
perigoso. Nosso casamento quase
acabou por isso há cerca de dois
anos. Então decidimos ser mais
parcimoniosos.
Continuamos
testando, mas com menos
sofreguidão, como se o mundo
fosse acabar. Um dia de cada vez.
Kink 101- Quais são suas
práticas prediletas? A Senhora
tem apreço por práticas que
envolvam alto grau de sadismo?
L.V.Definitivamente
não
sou sádica. Sei que algumas
pessoas vão rir quando lerem
isso, mas é verdade. Eu sou uma
excelente voyeur e uma mommy
maravilhosa, modéstia a parte. É
só não me dar uma tala de couro,
né pekena?
Como práticas preferidas, já tive
algumas boas passagens pela
inversão e pela hipnose erótica,
ramo em que me especializei num
tempo em que só dommes gringas
se interessavam por isso. Fiz curso
de hipnose e converso muito com
uma amiga que é mestre nisso.
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