Jornal Pontivírgula | Novembro | Page 30

Diabo na Cruz regressam aos palcos com Lebre

Filipa Neto

Filipa Neto, Catarina Rodrigues

David Oliveira

O Coliseu está cheio. As luzes apagam-se e o público percebe que o concerto está prestes a começar. Forte, forte, forte, forte, / Cada dia mais forte – são estas as primeiras palavras que Jorge Cruz, o vocalista da banda, canta ao entrar em palco. A canção, ‘Forte’, faz parte do novo álbum de inéditos, lançado em outubro deste ano. Apesar de a música ter sido lançada há apenas um mês, todo o Coliseu acompanha a banda. Aliás, acompanha-a nesta e em todas as outras que se lhe seguem.

O concerto dos Diabo começa com três músicas do novo disco. As restantes vão-se intercalando ao longo do espetáculo com as mais antigas. ‘Bomba-canção’, ‘Vida de Estrada’, ‘Dona Ligeirinha’ e ‘Malhão 3.0’ levam o Coliseu ao rubro. A meio do espetáculo ouvem-se ainda algumas músicas dos Gaiteiros de Lisboa.

Quando se ouvem os primeiros versos de ‘Chegaram os Santos’ forma-se, seguindo a tradição, o comboio humano. A energia dos Diabo na Cruz é contagiante e não se vê quem consiga ficar parado. É mesmo esse o espírito desta banda, todo o concerto é uma montanha- russa alucinante, acalmando apenas depois do primeiro encore, com ‘Luzia’. A música, tocada em acústico, faz acender as lanternas dos telemóveis. Traz consigo um novo ambiente, mais tranquilo, mas ao mesmo tempo carregado de emoção.

Os Diabo estavam afastados dos palcos havia dois anos. As razões para este hiato prendem-se com a cansativa tournée que precedeu o lançamento do disco de anterior. Jorge, vocalista e principal compositor das músicas da banda, sofria também com um bloqueio criativo. Por isto, decidiu regressar à “vida normal”. Passou, então, a viver numa aldeia perto de Coruche. À tentativa de viver uma vida pacata aliou-se uma pesquisa com caráter informal. É mergulhando na música de raízes americanas e na música popular portuguesa que volta a encontrar-se. E assim nasce a ‘Lebre’. Este animal, que está presente em todos os discos da banda, é ao mesmo tempo a sua personagem principal.

A banda composta por Jorge Cruz, João Gil, Bernardo Barata, Sérgio Pires, Manuel Pinheiro e João Pinheiro regressa assim aos palcos nacionais. Depois dos espetáculos nos Coliseus de Lisboa (dia 15 de novembro) e do Porto (22 de novembro), os Diabo na Cruz seguem para uma digressão pelo país, sobretudo fora das grandes cidades.