Jornal Pontivírgula | Novembro | Page 28

Há cada vez menos vinho nos copos. Caminhamos a passos firmes para o fim da conversa.

O que determina o sucesso de um músico em Portugal? A generalidade dos entrevistados tem uma resposta comum. São duas coisas: o trabalho e a insistência.

Luís Severo conta que durante muitos anos não tocava para mais de dez pessoas. “Comecei com 15 anos, em 2008, e muito novo apanhei muita porrada. Endureci. É preciso insistir e ter sorte.” Sambado concorda. “Quando fazes música e não paras de a fazer, mesmo que te vás abaixo não sei quantas vezes e digas ‘não faço mais esta merda!’, e ainda assim tu levantas-te porque gostas mesmo de fazer aquilo... Aí é inevitável que olhem para ti e que as coisas aconteçam”, e acrescenta, “olha para mim... tenho 32 anos! Sou a prova que dá”. Para Gonçalo Formiga, 80% é trabalho. “É a única coisa que importa. O trabalho faz tudo. Contactos, talento, sorte. Trabalho. E outra coisa é timing. Estar no sítio certo à hora certa.”

Outra coisa que para a maior parte dos artistas é fulcral é a política pessoal, ou seja, que um artista saiba movimentar-se. Sambado chama a isto de investimento de carisma. “Não podes ter uma existência não presencial. Aí cais no esquecimento. Tens que ir aos sítios onde vai a malta que tu tens que conhecer. Tens que estar presente.”

Formiga tem uma opinião semelhante. “Tens que saber abordar as pessoas certas. Nos anos 80 podias ser um gajo talentoso para caraças e um gajo talvez te descobrisse. Hoje não podes ficar em casa parado. Tens que promover o teu trabalho, com cabeça.”

Sucesso e Futuro