Jornal Pontivírgula | Novembro | Page 25

Centralização na Capital

Os valores dos cachets, em geral, não compensam e muitas vezes as casas de pequena dimensão não os conseguem sequer pagar.

Esta falta generalizada de dinheiro leva a que espaços fechem e pessoas desistam. “Há concertos em que assistem centenas de pessoas. Mas já tivemos concertos em que aparecem quinze pessoas. Aí uma pessoa – artista ou promotor - pergunta-se se deve continuar”, lamenta Gonçalo Formiga.

No Sul não há investimento significativo na cultura. Para Luís Severo “O Alentejo e o Algarve são paupérrimos, são muito pobres, têm que evoluir a nível cultural”. Conta que o concerto mais difícil que fez na tour de 2017 foi em Vila Real de Santo António. “Senti que estava a tocar para pessoas afastadas da língua que eu falo.”

Também aqui a cobertura mediática deixa muito a desejar. “A Vodafone nem sequer é portuguesa e por isso não quer saber do Algarve!”, queixa-se Sambado.

Nestas terras, o que parece manter o contacto com a música é um certo altruísmo ou heroísmo local. Pessoas que vão mantendo espaços abertos.

“Tens isso em Vila Real”, afirma Sambado, “num dos clubes mais antigos e precários de Portugal, eles fazem uma programação super difícil, às vezes a pagar muito mal aos músicos, mas eu fui lá tocar em condições muito precárias porque queria realmente tocar lá”.

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