Jornal ECOESTUDANTIL jan. 2016 n.º 26 | Page 5

ENSINO SECUNDÁRIO

JCE Juventude , Cinema e Escola
Atingiremos a maioridade do Projeto Juventude , Cinema e Escola este ano . Os décimos anos visionaram História trágica com final feliz , de Regina Pessoa , uma curta de animação de sete minutos sobre uma menina diferente com um coração de pássaro que batia tão , tão alto que incomodava todos .
A longa-metragem visionada , Persépolis , de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud , leva-nos a Teerão , no Irão , , através da vida da realizadora deste fabuloso filme , também de animação . O desafio proposto aos alunos foi uma viagem dentro de nós , uma busca assumida na procura de particularidades . Partilhamos alguns dos resultados conscientes do direito de sermos diferentes .
Edite Manuel Azevedo ( coordenadora do Projeto JCE )

A obra em apreciação crítica chama-se História Trágica com Final Feliz ( 2005 ), de Regina Pessoa . A curtametragem é um trabalho de gravura e serigrafia , de sete minutos e quarenta e seis segundos , com voz de Manuela Azevedo . Apesar de ser uma animação , contém uma mensagem tocante e emotiva . Para se criar a ilusão de movimento , teve de se passar vinte e quatro imagens por segundo , sendo gravuras feitas a carvão . Logo , a imagem é a preto e branco .

Regina Pessoa viveu em Coimbra até os dezassete anos . Licenciada em Pintura pela Escola Superior de Belas Artes , o seu primeiro projeto foi A Noite , em 1999 . Colaborou , como animadora , em vários projetos , com Os Salteadores ( 1993 ), de Abi Feijó . O seu maior sucesso foi História Trágica com Final Feliz ( 2005 ), o filme português mais premiado de sempre .
Será um final feliz ?
Através da obra , a realizadora pretende fazer com que as pessoas pensem na diferença como potenciadora de qualidade .
Numa comunidade , existia uma rapariga cujo som emitido pelo bombear do seu coração fazia imenso barulho . O som incomodava a comunidade , qua a tratava com intolerância , traduzindo-se essa rejeição num sofrimento profundo individual que a fazia isolarse . Com o passar do tempo , toda a população se adaptou e habitou ao som do seu coração , distanciandoa , mas ao mesmo tempo integrando-a no seu quotidiano . Mas , como todas as diferenças , o som persistiu , sendo fatal . Um dia , a rapariga partiu , deixando a comunidade que percebeu , tarde de mais , que o ser diferente sempre fez parte das suas vidas .
O momento que mais me marcou foi quando a rapariga se atirou da janela . Marcou-me pela curiosidade que provocou em mim . O
final pode ter duas interpretações : uma , em que ela morre devido à intolerância e preconceito da população ; outra , em que ela se liberta e poderá finalmente ser quem realmente é . Será um final feliz ou não ? A resposta a esta pergunta será diferente consoante a interpretação de cada um .
A voz da narração ajuda a melhorar a sua compreensão , podemos pensar que o narrador seria a mãe da rapariga pela sua doçura e tranquilidade ou uma mulher da comunidade que , de alguma forma , compreendeu ou se identificou com a situação .
A obra provoca a reflexão e interpretação do mais difícil enigma , o nosso interior e personalidade . A obra ensina-nos a aceitar as nossas diferenças para nos conhecermos melhor e termos mais consciência do mundo à nossa volta .
Artigo orientado pela professora de Português , Ana Cristina Matias
Por Joana Gromicho , 10 .º B
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