Joias Hotel
REBOBINANDO
Estou aqui assistindo a um clássico no DVD e me
lembrando do Seu Jorge. Não, não é um musical. Nada a ver
com o brilhante Seu Jorge que já fez dueto com a intrépida Ana
Carolina. Este Seu Jorge que me recordo não é nenhum Seu
Jorge famoso. Este foi apenas mais um que, em apenas 24 horas
de estada no hotel, deixou-nos gratas e boas recordações. Dizia
ele que, naquele ano, ele tinha uma locadora de vídeos (VHS),
no Vale do Paraíba e, os clientes andavam, diariamente, tirandoo do sério: mal-educados, devolviam as fitas sem rebobiná-las.
Isso o estressou tanto a ponto de ele fechar a locadora e ir
procurar algo mais light para fazer. Optou por ser comprador de
brutos e banhados. Segundo ele, estava se dando super bem e
pôde ter mais tempo pra dedicar à saúde de seu coração.
Acho que a humanidade toda é assim. Cada um tem uma
bobagenzinha à toa capaz de acabar com o seu dia.
Rebobinando o tempo, me recordo que o Seu Jorge
prometeu, espontaneamente, que naquele mês seguinte,
retornaria ao hotel e me traria uma fita. Não retornou. Eu já nem
me rebobinava mais quando, dois meses depois, chegou, pelo
correio, um sedex aos meus cuidados. Abri e lá estava uma fita
selecionada, caprichosamente, com muito bom gosto: “A filha
de Ryan”. No remetente constava o nome do Seu Jorge. Pintei
uma pequena tela com a feição da Sarah Miles e mandei pra ele.
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