Gilberto Candido
— Muito barato, né?
Subiu, se arrumou, e desceu com a farinha numa sacola,
passando pela recepção, andando meio de lado, igual um siri,
curvando a cabeça pra frente, como se estivesse nos
reverenciando. Saiu e foi para o salão comunitário da Matriz.
Não sei como foi que ela ficou sabendo que lá ia ter um bazar
beneficente com show popular onde a entrada era um quilo de
alimento não perecível.
Quando ela e os seus Patrícios e Patrícias foram embora
do hotel, a mesma já tinha acumulado mais uma caixa gigante
dentro da Nissan.
Tomara que tenham ido direto pra casa. Senão ela poderia
até ser multada na estrada por excesso de volumes de itens populares e “muito barato, né?”
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