Joias Hotel
Tendo o seu pedido negado pela gerência local, a
solicitante, inconformada, foi aguardar no lobby, e, se fosse
nestes dias atuais, o hotel levaria uns dois talões de multas da lei
antifumo, por permitir que ela acendesse um cigarro atrás do
outro, daquela maneira, em pleno ambiente fechado.
Quando soube do caso, a governanta, que já tinha passado
pela mesma dor, veio prestar solidariedade a mais nova
integrante do clube.
Conforme se passavam às horas, mais pesado o clima ficava. A atmosfera poluída, embaçada. Um cheiro de tabaco e
vingança pairava no ar. E se a infeliz estivesse armada? Pelo
tamanho da bolsa que ela carregava, caberia um arsenal ali
dentro.
Houve quem não queria perder o desfecho do caso e fez
horas extras gratuitas. Após as 14h havia dois turnos de
empregados presentes num turno só.
Ao anoitecer, o pulador de cercas chegou. Pra infelicidade
da maioria de plantão, ele chegou sozinho. Mas, como?? Todos
os dias ele chegava com a outra e, coincidentemente, naquele
dia, ele chegou desacompanhado? Que chato! Sabe-se lá, como,
alguém o teria avisado. Haveria barraco? Com certeza. Mas,
sem o flagra dele com a outra esse luxo perderia um tanto o seu
glamour. Ele entrou cabisbaixo, fazendo cara de santo, e fingiuse surpreso com a presença da esposa:
— Oi amor! Você por aqui?
Ambos entraram no quarto e quebraram o pau. Pelo
menos, verbalmente, ele apanhou feio, mas tão feio que deu dó.
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