Joias Hotel
GRACINHA
Um auxiliar que atendia no hotel era muito
“atencioso”. Bastava alguém lhe perguntar algo e as suas
respostas vinham quase sempre parafraseadas de seu
vocabulário muito particular.
Uma mulher — que eu nem sei o nome — chegou no
hotel e foi-lhe dizendo:
— Tenho uma loja de bijuterias ali no quarteirão de baixo.
Estive tentando ligar aqui e não consegui contato. O telefone
daqui está com defeito?
— Depende — ele informou. — Quando a senhora ligava, ele dava sinal de chamada ou de ocupado?
— Sinal de chamada — ela respondeu.
— Então, tudo bem. Porque, se fosse sinal de ocupado é
porque estaria ocupado mesmo — ele explicou.
— O casal do 110 ainda está aqui? — perguntou a mulher.
— Não. Esse casal já deu baixa e foi embora.
— Faz tempo que saíram?
— Eram sete e vinte e três, mais ou menos — respondeu
ele, olhando para o seu relógio de pulso.
— Os dois saíram juntos?
— Sim. Ambos os dois.
A mulher — que talvez se chamasse Maria das Graças (ela
tinha cara de Graça) — sorriu, olhou para o crachá dele e gravou
o seu nome.
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