Joias Hotel Joias Hotel | Page 29

Joias Hotel É o caso do filho da Dona Vanda... O sujeito me acompanhava já no terceiro ano de hotelaria e vivia numa pindura de dar dó. Separado, pai de dois filhos, já não sabendo mais pra onde correr — ou se esconder. Vivia matando cachorro à grito. Ou como prefere o Martinho da Vila: “...latindo no fundo do quintal pra economizar cachorro”. Com as dívidas roland o feito uma bola de neve e, com ameaças de processos que o levariam pra trás das grades, ele fez um acordo trabalhista no hotel, investiu as quinquilharias no mercado joalheiro e, foi meio que empurrando com a barriga. Valendo-se de algumas experiências anteriores nas linhas de produção de médios e grandes fabricantes, não perdia as estribeiras quando o seu quadro gráfico despencava atingindo o vermelho. Valendo-se de muitas experiências como colecionador de dívidas, o filho da Dona Vanda batia no fundo do quadro e subia novamente como uma bolinha de ping-pong. Desde a última vez que o vi, ele andava estabilizado, deslizando suavemente no alto de seu gráfico empreendedor. Não atrasava mais pensão. Não era mais ameaçado pela ex. E estou sabendo que continua não pagando mais as demais contas. Claro!, emergente como se tornou, deixa tudinho nas mãos de seu filho mais velho, portador de canudo em Administração do Programa da Auditoria da Qualidade. Não entendi muito bem o que realmente ele faz, mas foi o pai do neto da Dona Vanda que me disse assim; com todas essas letras aí. Deve ser coisa boa. Porque o neto da Dona Vanda é pra lá de organizado. Com ele no gerenciamento, tá tudinho lá ó; no débito automático. 29