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Interpress SoCHum: Saiba mais Gravidez precoce: a legitimidade das causas em face de um problema do meio social Por Nicolle Luiza e Giovanna Capanema Uma das características da conjuntura atual da sociedade brasileira é a incidência de gravidezes precoces, que se encontram no âmbito dos problemas sociais. No Brasil, 20% dos bebês que nascem anualmente são frutos de uma gravidez na adolescência. O significado dado à gravidez passa pela cultura, o meio social, a religião e, também, pela idade em que o filho é concebido, já que ela nesse contexto se relaciona diretamente ao estado psicológico da mulher para lidar com o parto e seus impasses. Uma gravidez precoce pode ser considerada subproduto do meio em que se vive, sendo as- sim, comprovado que a maioria das meninas que sofrem com problemas da gravidez na ado- lescência possuem um histórico desse mesmo fato na família, apesar de que esta não configu- ra uma premissa universal. A adolescência é um período de mudanças e de formação do ca- ráter dos indivíduos; quando não há acesso a informação relativa aos questionamentos que surgem nessa fase como, por exemplo, com re- lação ao sexo e as drogas, a prática de ações prejudiciais ao indivíduo se torna mais prová- vel. A mulher está exposta a muitos fatores que de- sencadeiam o quadro da gravidez na adolescên- cia, como abusos sexuais e a condições precárias de vida. Independente do agente causador, uma consequência é certa: a vulnerabilidade psicológi- ca das jovens. Pesquisas apontam que há um mai- or índice de mulheres que sofrem com a gravidez pre- coce em países pobres e que tanto a classe como o meio social são determinantes para tal situação, posto que as atividades e vivências de um indivíduo são in- fluenciadas pelo ambiente em que eles se encontram. “Há uma correlação significativa entre a maternidade precoce, o menor rendimento educacional e os piores resultados no mercado de trabalho para as mulheres”, diz o economista Luis Felipe López Calva. Na socie- dade brasileira, em teses contemporâneas, afirma-se que todos têm acesso à informação, portanto uma gravidez por falta de conhecimento para com os mé- todos contraceptivos estaria fora de pauta. No entan- to, em grande parte dos casos, não há educação sexu- al nas escolas, apenas parte-se do princípio que os adolescentes têm o conhecimento necessário para iniciarem sua vida sexual de modo responsável e saudável. Em alguns segmentos conservadores, as famílias não 20