Inominável Nº 4 | Page 9

Nº 4 - Junho, 2016

O editor do Age of Empires era bastante mais sério, podendo-se colocar exércitos inteiros preparadinhos para a porrada vindoura. Podiam construir-se fortalezas imensas e ver as tentativas fúteis do inimigo a tentar conquistá-las (porque obviamente, eu não dava máquinas de guerra decentes ao inimigo, só para me rir um bocado). Lembro-me de ter feito e escrito uma campanha inteira com uma história inacreditável por trás (poupem-me, tinha 12 anos, se calhar…). Acho que ainda a tenho dentro de uma disquete.

Mas estas experiências eram amadoras comparativamente ao que se poderia fazer no editor de mapas do Warcraft III.

Neste editor, infinitamente mais complexo e completo, podia-se fazer qualquer coisa. Foi o mesmo editor que os criadores do jogo usaram para fazer os seus próprios níveis. Podia criar unidades completamente novas, com atributos e efeitos completamente diferentes. Podia fazer pequenas apresentações cinemato-gráficas com o motor de jogo, explicando a história do nível, o que também me introduziu a conceitos de cinema e planos (mais uma vez, não me levem a sério, estou a falar num nível muito básico). Mais importantemente, introduziu-me à programação, usando uma forma muito própria de programar as regras do jogo.

Falo disto porque nos dias de hoje é que vejo o quão fundamentais foram estes jogos para as minhas escolhas académicas e profissionais. Talvez por isso a nostalgia me faça falar com tanta estupefacção sobre a qualidade destes jogos.

Estes jogos, que as mães têm a mania de dizer que são o produto do Diabo para impedir que os filhos tenham boas notas, ensinaram-me muito mais sobre história, literatura, inglês, programação, design, geografia, cultura, ficção, fantasia, etc., etc. do que vários professores que tive na escola e na faculdade. Se joguei excessivamente? Sim. Se isso afectou a minha vida? Claro. Se hei-de continuar a jogar? Pelo menos os jogos antigos sim. Se sou um dos idiotas elitistas de que falei no início e que não quer experimentar coisas novas? Talvez. É uma forma de ser fundamentalmente errada, e não há nada como experimentar jogos novos de vez em quando. Mas não sei… Se calhar vou fazer mais uma batalha no Age ofEmpires e depois já se vê.

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