O espaço
AZUL
entre as nuvens
Jonathan
Matar
Instinto ancestral de sobrevivência, o matar ou ser morto, está-nos nos genes.
Vejo-me deitado a imaginar um cenário de guerra em que tivesse perdido os meus filhos. Sem eles, teria perdido tudo.
E mataria.
Mataria sem sequer pensar muito nisso, num instinto mecânico de vingança sobre o que me tiraram.
Para dizer a verdade, já matei.
Matei o condutor que se mete à minha frente na fila de trânsito, o pedófilo que abusou da menina, o tipo que tenta lixar-me a vida no emprego, o ladrão que deixou sem poupanças o casal de idosos.
Sem arrependimento, concebo-me a encostar-lhes um revólver à cabeça, a premir o gatilho sem um tremor, uma mágoa, um segundo de hesitação.
Junto à cabeça pela simples razão de que não quereria sujar-me com o sangue de vermes.
Sem sevícias ou torturas requintadas, simplesmente a acabar com aquele incómodo, como se esmaga uma barata, retirando pequeno prazer sádico do barulho que faz ao estourar debaixo do sapato.
Matei e voltaria a matar.
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Matar
Instinto ancestral de sobrevivência, o matar ou ser morto, está-nos nos genes.
Vejo-me deitado a imaginar um cenário de guerra em que tivesse perdido os meus filhos. Sem eles, teria perdido tudo.
E mataria.
Mataria sem sequer pensar muito nisso, num instinto mecânico de vingança sobre o que me tiraram.
Para dizer a verdade, já matei.
Matei o condutor que se mete à minha frente na fila de trânsito, o pedófilo que abusou da menina, o tipo que tenta lixar-me a vida no emprego, o ladrão que deixou sem poupanças o casal de idosos.
Sem arrependimento, concebo-me a encostar-lhes um revólver à cabeça, a premir o gatilho sem um tremor, uma mágoa, um segundo de hesitação.
Junto à cabeça pela simples razão de que não quereria sujar-me com o sangue de vermes.
Sem sevícias ou torturas requintadas, simplesmente a acabar com aquele incómodo, como se esmaga uma barata, retirando pequeno prazer sádico do barulho que faz ao estourar debaixo do sapato.
Matei e voltaria a matar.