Inominável Nº 3 | Page 52

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Primavera (é) no Alentejo

por Maria Sebastião

P

orquê este título? Porque o Alentejo é especial na primavera. A paleta de verdes do inverno cessante salpica-se de branco. O branco da flor da esteva – essa cistácea que tão bem caracteriza a flora do bosque mediterrânico.

Este ano as flores surgiram mais cedo: será a primavera precoce das alterações climáticas? Talvez. Seja como for, passear nos campos alentejanos, a partir de março até finais de maio, é uma ode aos sentidos. Há no ar uma alquimia de perfumes. O perfume das flores do rosmaninho e da marcela. Cheiros fortes que anestesiam a nostalgia e conduzem ao encantamento. Passear ao som do canto da cotovia e do melro ou da água que corre nos riachos – ainda cheios por esta altura – é pura magia. No final das tardes, o chilrear dos pássaros no silvado, na mata, no bosque, alegra e faz sonhar. Onde quer que estejamos, a vida pulula por entre ervas e arbustos.

As azinheiras, “velhas” companheiras do montado, esperam, serenas, pela chuvas de abril para beberem o suco da vida e assim permanecem até que a alma lhes doa e o corpo sucumba aos anos. Vale a pena conhecer essa típica fito-comunidade, pois a teia de vida que lhe está associada merece destaque. No montado