Pedaços de mim mesma pelo mundo,
Colinas, rios, mil coisas como eu
Dispersas pela terra e pelo céu
E prontas a usar cada segundo...
Este conhecimento é tão profundo
E tão concretamente em mim nasceu,
Que em mim, ganhou raiz, depois cresceu
E tornou-se o meu EU, lá bem no fundo...
Este supremo dom mo lega a Vida
E, faça o que fizer, nunca estou só
Pois cada peça cumpre o seu papel;
Por mais que nalgum dia ande perdida,
Resolvo o puzzle, desenredo o nó,
Retomo o meu lugar no carrossel...
No corpo inacessível de um poema
Mora o ritmo, sereno ou agitado,
Que fala da virtude, ou do pecado,
E faz com que escrevê-lo valha a pena...
Essa alma musical que assim me acena
A seduzir-me o corpo já cansado
Virá trazer-me o verbo inesperado
Que me preenche e torna mais serena...
E vai-se esse vazio que então crescia
E fica-me o fruir do que se faz
Nas noites renovadas como auroras
Em que me torno amante da Poesia
E concebo o poema que me traz
Essa perfeita ocupação das horas...
PUZZLE
A PERFEITA OCUPAÇÃO DAS HORAS
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Nº 3 - Abril, 2016