Inominável Nº 1 | Page 47

Nº 1 - Dezembro, 2015

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por Vanessa

E as crianças? Poucas são aquelas que hoje em dia vivem num lar onde foram ensinados a acreditar no Pai Natal, um ser que vem da Lapónia no seu trenó puxado pelas renas, que a rena mais engraçada é o Rodolfo, e que entrega as prendas a todos os meninos exactamente às 0h do dia 25, porque ele tem o poder de parar o tempo. Os pais de hoje em dia já mataram o Natal desde a infância dos filhos, senão desde o seu nascimento, até porque para eles mesmos o Natal é só mais uma altura para a casa se encher de lixo, enfeites parvos, mais brinquedos e um desperdício de dinheiro, onde as famílias mais disfuncionais fazem um esforço para celebrar o nascimento de um Jesus em que nem eles próprios acreditam.

É esta a triste realidade do Natal nos dias de hoje. Um consumismo absurdo, porque é mais uma desculpa para irem às compras, mas nada de amor, família, compaixão e ajuda ao próximo. Se continuarmos a matar o Natal desta forma, o que será das crianças do futuro? Se não plantarmos estes pequenos valores nos mais pequenos, como é que eles podem alguma vez ser adultos com compaixão e reconhecer o Natal como uma altura de ajuda ao próximo, de amor pela família e amigos, de compaixão uns pelos outros, de alegria?

Recentemente foi feita uma publicidade interessante com crianças, em que lhes foi pedido para escreverem uma carta ao Pai Natal, o típico; então elas pediram todo o tipo de brinquedos e afins. Mas depois tiveram de escrever uma carta aos pais… é exactamente o contrário daquilo que a maioria dos pais pensa, que as crianças pediriam também brinquedos e outros objectos de entretenimento, mas não. As crianças pediram mais tempo para elas, mais presença da parte dos pais, mais amor, mais união entre eles, enfim… pediram mais pais e menos pessoas e brinquedos. As crianças de hoje em dia sofrem com a ausência dos pais e eles nem dão por isso, porque a sua carga horária é demasiada para poderem estar com os seus pequenos, para os ouvirem, para os conhecerem, para lhes ensinarem valores bastante importantes que eles nunca irão aprender na escola.

Neste Natal, à semelhança de antigamente, o meu desejo é que sejamos mais família, mais amor, mais compaixão e mais entreajuda, mas menos consumismo, menos futilidades e menos egoísmo. Os outros, que são nossos, precisam de nós.

Crédito/fonte da foto:

http://www.ademilar.com.br/blog/decoracao/decoracao-natalina/