Inominável Nº 0 | Page 7

Entre o trabalho, a família, os passeios, a televisão e a internet – para mencionar apenas algumas coisas – os livros estão sempre lá. Vão comigo à praia e ao campo. Estão na sala e na casa de banho (sim, eu leio na casa de banho). Leio nos transportes ou enquanto espero para ser atendida. Todas as alturas são boas para ler e ler, em qualquer altura, é delicioso.Confesso, por isso, que não entendo as pessoas que dizem que não têm tempo para ler. Certo, quando os meus filhos eram bebés, talvez lesse menos do que leio agora. Mas, mesmo nessa altura, entre fraldas, biberons e sestas, havia sempre um livro por perto.

O tempo, meus amigos, o tempo somos nós que o arranjamos. Basta querermos.

Inominável/Outubro, 2015

sempre, apesar da idade. Afinal, a idade é um estado de espírito e não uma condição física).

Mas estou a afastar-me do tema, a lengalenga, aquela que eu adorava e que dizia que o tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem.

Do alto da sabedoria da criança que era, sempre achei que esta lengalenga me transmitia que era eu que decidia o que fazer com o meu tempo e que teria de fazer com que tivesse tempo para tudo e que tudo coubesse no meu tempo.

Foi por isso que aprendi a gerir o tempo deixando sempre espaço para as coisas que amo – a família e os livros. Teria sempre de ter tempo para ler, não obstante saber que não terei nunca tempo de ler tudo o que quero. Mas faz-se o que se pode e por isso eu posso ler. E leio.

H

Tenho uma vida perfeitamente normal. E cozinho, imaginem só. Tenho um filho, faço todas as tarefas domésticas com o marido. Juro. Leio em média cinco livros por mês. E passo muito tempo nas redes sociais. Nos tempos em que o Youtube e o Snapchat eram totalmente ausentes do meu quotidiano os livros tinham mais presença. Mais ainda.

Quando alguém me diz que não tem tempo para ler, não acredito. O tempo não manda em nós, nós mandamos nele.

avia uma lengalenga que eu adorava quando era miúda. Esperem, ainda a adoro, o que pode querer dizer que ainda sou uma miúda (e é assim que me sinto

por Cláudia Oliveira

por Magda Pais

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