Inominável - Ano 2 Inominável Nº9 | Page 72

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O estranho e outras descobertas

Quatro canecas de chá estavam pousadas sobre a mesa da sala, fumegando. Miguel pegou numa delas, deu um gole e voltou a pousá-la. Três pares de olhos fitavam-no, expectantes.

– Estão a dizer-me que eu encontrei uma aldeia praticamente no topo do mundo, à parte de toda a civilização, cujos habitantes têm a capacidade de criar fogo com as próprias mãos e que, a cumprirem aquilo que era suposto, vocês deveriam ter-me matado?

Escarlate, Sora e Ignis acenaram com a cabeça, em uníssono; pouco a pouco o estranho que tinha aparecido à entrada de Aperos ganhara consciência e, pouco a pouco, tinham-lhe explicado o porquê de ele estar ali e o porquê de ainda não poder sair. De ninguém poder saber da sua presença ali.

Miguel tinha andado perdido pela montanha depois de meses numa expedição que correra mal. Os seus colegas tinham acabado por morrer de frio, por falta de comida e porque as bússolas e todas as formas que eles tinham de se guiarem pareciam ter deixado de funcionar a partir de uma certa altitude. De forma milagrosa, ele tinha sido poupado e sem lesões maiores. Sorte, era a única explicação que ele encontrava para isto.

– Os campos magnéticos foram alterados por nós, – explicara-lhe Escarlate – é uma forma de impedir que exploradores como vocês continuem a subir. Quando as pessoas não conseguem encontrar o Norte, normalmente voltam para trás e começam a descer. Temos uma torre criada especificamente para repelir bússolas e confundir radares e há demasiadas árvores para se conseguir ver o céu.

– Vocês não vão lá para baixo? Nunca saem daqui?

– Saímos, claro. – desta vez era Sora quem respondia e havia algo no tom de voz dela que fazia crer que falava por experiência – Mas também temos instrumentos que conseguem contornar a torre que controla os campos magnéticos.