Inominável Ano 2 Inominável Nº8 | Page 42

das horas mínimas semanais para garantirem os benefícios (16, para ser precisa); ironicamente, quanto menos se trabalhar mais se recebe, mesmo que se esteja na posse de todas as faculdades físicas e mentais para o fazer em tempo inteiro. Existem imigrantes que também reclamam ajuda financeira, pois a ela têm direito e descontam o suficiente para tal. Mas, na sua maioria, só solicitam os benefícios se realmente deles precisarem, pois apesar de o salário aqui ser mais elevado que nos seus países de origem, o valor das despesas mensais que se pagam é também mais elevado. Ora uma pessoa sozinha ou com filhos a cargo acaba por recorrer ao apoio... o que é considerado pelos cidadãos ingleses como uma ameaça aos seus rendimentos, não entendendo que, se estes existem, é graças aos impostos pagos mensalmente por quem trabalha o suficiente para os descontar do seu salário.

Evidentemente, também existem aqui imigrantes a praticar esse estilo de vida, e (sim!) portugueses entre eles; esses não têm moral para falar, embora isso nãos os impeça de o fazer na mesma... E assim foram angariados os votos suficientes para uma decisão que vai determinar o futuro de uma nação... e, o mais engraçado, sendo que dá é vontade de chorar, no dia seguinte quem votou para sair já dizia, como que numa aflição “Eu nem sei bem o que é o Brexit”. Buscas impensáveis foram também feitas no Google, como “O que é a União Europeia?”. Patético! Acho que um povo tem todo o direito de ter uma opinião e de formar uma decisão porque, no fim do dia, “a casa” é deles e cada um sabe da sua. Mas que faça sentido, que seja reflectido, pois muita gente pode acabar é por sentir que deu um tiro no pé...

Também se tem notado, aos poucos e desde o referendo, uma mudança de atitude nas pessoas, algo subtil que quem cá vive nota. Eu, pessoalmente, nunca me senti alvo de discriminação, embora uma vez me tenha sido dito (em tom de ordem) para falar em inglês quando eu falava na rua com uma amiga, portuguesa também. Mas o jovem estava alcoolizado, e eu considerei o episódio mais como uma estupidez do que uma discriminação.

No entanto, cada vez mais se vão ouvindo casos de pessoas vítimas de discriminação aberta; já ouvi relatos de colegas sobre várias situações, todas diferentes mas a acabarem da mesma forma, normalmente a serem mandados para o país deles. Isto passa-se onde moro, nas notícias eram

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