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Nº 7 - Abril 2017

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No segundo a seguir noto que os carros da frente tinham travado e que eu estava prestes a colidir horrivelmente com o veículo à minha frente.

Não gritei “Ya, isto é mesmo como o Carmageddon! AHHHAYAYAYA VOU-TE MATAR!!”

Na verdade, nem disse nada. Só por instinto é que travei e ainda hoje estou a tentar perceber como é que consegui controlar o carro enquanto deslizava de um lado para o outro. Não bati, mas devo ter pregado um susto do caraças ao jovem da frente.

Só passados uns momentos é que consegui praguejar alguma coisa entre dentes, que foi a única vocalização que me foi possível fazer. As minhas mãos e pernas tremiam a um ritmo tão acelerado como o meu coração.

Num videojogo pode-se sempre voltar atrás. Não existem consequências a sério para as nossas acções. Na vida real, no entanto, temos intrinsecamente o sentido de autopreservação e senso comum que nos impede de cometer as mesmas parvoíces que banalmente realizamos num mundo virtual.

Às vezes pergunto-me se ainda lá estará a marca dos pneus. Uma lembrança de um Carmageddon que poderia ter corrido muito mal.