Inominável Ano 2 Inominável Nº7 | Page 18

18

O CORPO NO DESPORTO: do fascismo ao big bang

por Alexandre Alvaro

O corpo, em particular o corpo masculino, foi um símbolo importante em todos os movimentos fascistas europeus. Com a generalização da ideia de que o corpo humano reflecte a sua mente – mente sã, corpo são – o exercício físico foi considerado, dentro da estética fascista, um instrumento para transportar para o dia a dia (escola, trabalho e tempo livre) as noções de disciplina, higiene, força e virilidade. Sob a capa da filantropia e da luta contra os flagelos sociais da época, esconde-se uma vontade muito real de movimentar a sociedade para o combate às influências negativas dentro dela. Da caça aos germes passa-se à caça aos seus portadores. Para além da masculinidade latente deste ideal, estava também associada a ideia de pureza racial, de que da decantação e preservação de uma raça se obteriam os espécimes ideais.

Foi, primeiramente, através de Benito Mussolini que se institucionalizou a procura do Homem Novo, brutal, guerreiro, introduzindo programas esco-lares que reflectiam o tipo de sociedade que ele pretendia formar, e regendo de perto as instituições desportivas. Criou a Serie A em 1929 e organizou o Campeonato do Mundo em 1934 (que venceu, por meios pouco lícitos, bem como o Mundial de 38). A noção da importância do Desporto na propaganda dos regimes fascistas disseminou-se para a Alemanha (organização dos Jogos Olímpicos de 1936, com todas as conotações políticas que se conhecem)

O NOVO HOMEM E A DECANTAÇÃO RACIAL