Inominável - Ano 2 Inominável Nº10 | Page 67

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Fazendo uma viagem mental ao passado, penso na força que me fez dar este salto de fé, naquele momento em que estava sentada, no silêncio e companhia do meu cigarro, a matutar nas questões da minha vida que não me faziam feliz, não me realizavam, e nas que não davam ao meu filho o que ele precisava como aluno de um ensino especial aquém das nossas expectativas... foi uma força vinda não sei de onde a que me invadiu a alma, e decidi como quem decide ir fazer um café: “Vou-me embora!”. E assim foi...

Em poucos meses organizei-me e o meu filho, companheiro incansável de várias aventuras vividas a dois, alinhou sem pestanejar, ele também em busca do seu nicho. A chegada e as suas peripécias já as contei por aqui na segunda edição da revista e minha primeira participação neste nosso espaço. Já passaram mais de dois anos, o que é quase nada, mas já vivi neste tempo o que me parece ser uma vida inteira. Por cá fiz quarenta anos. Do quase nada criei um novo lar para mim e para o meu filho em poucos meses, porque “Your home is where your heart is” como por aqui adoram dizer. Adaptei-me a um trabalho completamente diferente. Ofereci ao meu filho, passado um ano, como prenda de aniversário uma viagem a Paris (bem, também foi uma prenda para mim... porque eu mereço!), e pudemos visitar o Louvre, Notre Dame, e o castelo de Versailles, algo que sonhávamos fazer e que esta nova vida possibilitou.

A minha mãe, aos setenta e oito anos de idade, andou pela primeira vez de avião e pude proporcionar-lhe novas experiências, o que me deu um gozo tremendo: a retribuição positiva é uma das melhores coisas da vida!

Nº 10 - Outubro 2017