Inominável - Ano 2 Inominável Nº10 | Page 108

Ler a preto e branco

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A Inominável está em festa e, desta vez, em jeito de homenagem pelo (fantástico) percurso destes dois anos, decidi-me a escrever sobre livros (sim, sempre os livros) seguindo (ou tentando seguir) o tema.

por Márcia Balsas

“Preto e Branco” dá pano para mangas e eu, esperando não me estar a meter num casaco de mangas muito justas, quero de alguma forma associar a leitura a estas cores. Bem, pensando melhor não são cores. São, talvez, a luz e a escuridão. Ora cá está um bom ponto de partida, ler tira-nos sempre da escuridão e leva-nos em direcção à luz. Perfeito. Se não fosse um cliché de todo o tamanho, que tenho a certeza vos está a fazer torcer o nariz e pensar seriamente em seguir para a próxima página. Acho muito bem, mas depois de ler o meu texto, pode ser? Depois vamos todos soprar as velas, prometo.

É curioso como a leitura a preto e branco nos pode levar para mundos de muitas cores (acho que agora sim, estou no caminho certo). Avançamos na leitura preto no branco, e é quando os nossos olhos passeiam nas letrinhas pretas sobre a página branca que a nossa imaginação dispara. Eu falo por mim, pois crio os meus cenários a cores. Não é fantástico que uma base aparentemente simples permita tamanhas criações? Frases que podem ser castelos, montanhas, mares, histórias de amor, amizade, morte e traição. Podem ser rostos, sentimentos e sentidos. Duas cores, contrastes, que nos fazer viver para lá do arco-íris. É como o guião que se transforma em filme. É uma produção mental que depende da nossa capacidade de chegar mais longe, e das horas de treino. Quanto mais tempo na companhia das letrinhas pretas na página branca, mais longe podemos ir nesta magia de criar as nossas histórias com as nossas próprias cores.