Inominável - Ano 2 Inominável Nº10 | Page 102

por Ana CB

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Quadros brancos, quadros negros

Ame-se ou deteste-se, o minimalismo veio para ficar. Sendo hoje em dia um termo que pode abranger todos os aspectos da nossa vida e do que nos rodeia, é interessante notar que o termo surgiu inicialmente associado a uma tendência das artes visuais, e só depois se expandiu para outras áreas.

O Minimalismo como tendência artística surgiu nos Estados Unidos nos anos 50 do século passado como um movimento que rejeitava a ideia de que a arte deveria reflectir a expressão pessoal do seu criador. Em vez disso, uma obra de arte deveria apenas referir-se a ela própria, ser objectiva, não ter expressão nem referências exteriores. Privilegiando o racionalismo e o pensamento matemático, a arte deveria ser a força através da qual a ordem e a racionalidade seriam atribuídas às coisas – em detrimento do carácter artístico subjectivo e muito pessoal dos movimentos em voga até então.

Esteticamente, a arte minimal procura uma forma altamente purificada de beleza, associando-a à verdade (porque não pretende ser nada mais do que é), à ordem, à simplicidade, à harmonia e à economia. É um novo tratamento da arte, tanto de uma obra como da sua própria percepção. O objecto artístico deixa de existir para satisfazer um determinado gosto, e o juízo que sobre ele é feito não tem

de estar assente em critérios estéticos. A obra de arte já não é simplesmente um objecto numa sala, mas passa a ter uma possibilidade performativa – a da interacção desse objecto com o espectador e com o espaço onde ambos se encontram (e neste aspecto a arte minimal liga-se intimamente à arte conceptual). A ideia da obra adquire mais importância do que o objecto em si. A técnica artística deixa de ser primordial – até porque muitas vezes o artista nem sequer intervém como “executor” da obra, mas apenas como o seu “idealizador”.O essencial para a obra de arte já não é a manufactura, mas sim a ideia e a intenção: a arte é algo mental.

Apesar de a expressão “Minimalismo” já ter anteriormente sido usada, de forma muito esporádica, em contexto artístico, foi o filósofo britânico Richard Wollheim que a trouxe definitivamente para o discurso crítico relacionado com a arte ao publicar em 1965 um artigo intitulado “Minimal Art”.