Informativo ABECO Informativo No 13 (set-dez 2018) | Page 6

INFORMATIVO ABECO | Edição Nº 13 6 ecólogo que trabalha com vegetação tem de conhecer as plantas (idealmente: todas!) e, segundo, que é importante entender a paisagem (o que inclui as populações humanas e o seu uso do ambiente, hoje e no passado), para entender a comunidade vegetal e a sua dinâmica. Obviamente, essa segunda perspectiva é muito importante na Europa Central, onde as paisagens são consideradas “paisagens culturais”, e nem tanto “naturais” (o que não diz nada sobre o seu valor para a conservação). As excursões que fizemos com o Jörg foram fantásticas, e tive a possibilidade – além de conhecer a vegetação no sul da Alemanha – de atravessar os Alpes e conhecer a Sibéria Central, desde a Tundra perto do círculo polar ártico até as estepes no Sul, perto da Mongólia. No final do curso, fiz a minha “Diplomarbeit” (trabalho de conclusão de curso, equivalente a Dissertação de Mestrado no Brasil): optei por trabalhar com a ecologia de Succisella inflexa, uma Dipsacaceae bastante rara que cresce em campos alagados na beira do lago Chiemsee no sul da Baviera, e combinava a ecologia desta espécie com a ecologia das comunidades e aspectos aplicados à conservação. Tinha entrado no curso com o objetivo de assumir uma carreira na área de planejamento ambiental, mas saí como Ecólogo. Do Brasil, obviamente, sabia quase nada na época. Mas aí o acaso que mudou a minha vida: Quando eu terminava o meu curso, o Professor Jörg iniciou uma colaboração com colegas da UFRGS em Porto Alegre, onde ele tinha sido Professor Visitante uns 25 anos atrás, e estava procurando Mestrandos e Doutorandos para se juntar à equipe do projeto. No início, não tinha garantia para uma bolsa de Doutorado; tinha apenas financiamento para uma viagem de 4 meses: aceitei a proposta mesmo assim e, desta maneira, poucos meses depois estava subindo os morros graníticos de Porto Alegre (cidade da qual nunca tinha ouvido falar antes), trabalhando sobre o efeito do fogo (não é tema sobre qual tinha pensado muito na Alemanha) nos campos subtropicais (com os quais, obviamente, tinha contato nenhum anteriormente). Cheguei sem falar português, sem conhecer nenhuma planta, mas com muita curiosidade para estudar este ambiente, e tive muita sorte de ser inserido numa ótima equipe. Assim, logo me virava bem no novo ambiente (e também conseguimos financiamento para o projeto). Foram 3 anos