da gestão relacional ou das interdependências, deixa de ser residual para ser o modo principal ou estruturante do governo.
Hoje em dia, a cooperação entre atores, a participação e a
colaboração da cidadania não são consideradas apenas uma
dimensão emergente, mas uma função estruturante da ação de
governo na sociedade do conhecimento ou sociedade em rede.
Isto se deve, fundamentalmente, à constatação de que existem
cada vez mais desafios e necessidades sociais que não podem
ter resposta em uma ação baseada no gasto público, por mais
eficiente que seja a sua gestão. O governo se vê, assim, diante
da necessidade de propor a melhoria da capacidade de organização e ação para que o conjunto da sociedade enfrente os
desafios e as necessidades crescentes que condicionam o
progresso humano.
Tal como na última fase do governo provedor, considera-se
necessário incorporar novos atores para a obtenção da melhoria
da qualidade de vida; porém, ao contrário da etapa gerencial,
não se trata de reduzir a relevância do governo democrático,
mas lhe atribuir um novo papel como organizador coletivo de
uma ampla ação social.
Neste contexto, a gestão relacional ou gestão das interdependências (ou de redes) passa a ser a base da nova ação de governar.
Portanto, o governo relacional deve realizar uma reestruturação
das funções de proteção legal de direitos, da gestão eficiente da
qualidade dos recursos e serviços para colocá-los em função da
construção coletiva do território, que tem na gestão relacional
seu principal, embora não único, instrumento.
Reestruturação significa mudança de orientação. A função
relacional se converte em estruturante (porque agora o objetivo do governo relacional é a melhoria da capacidade de
organização e ação dos territórios) e aumenta sua complexidade e a magnitude de seus objetivos, assim como os âmbitos
em que se aplica. A participação cidadã (elemento essencial da
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Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades