Governança Democrática - 3ª Edição | Page 93

A etapa gerencial O modo gerencial, baseado na imitação da gestão das empresas privadas, recebe o nome de sua principal escola, o new management ou nova gestão pública.14 Pretende não apenas substituir o modo burocrático nos serviços voltados para satisfazer uma necessidade social (serviços sociais, assistência médica, centros culturais, equipamentos desportivos etc.), como os que apoiam diretamente o cumprimento de uma norma governamental (coleta de lixo, serviços de limpeza, estacionamento e, inclusive, alguns tão problemáticos como polícia, gestão urbana e segurança), pela aposta na terceirização dos serviços públicos, pela criação de um “mercado” ou “quase-mercado” de serviços públicos, pela gestão orientada ao cliente ou usuário etc. Considera-se que a produtividade e os três “E” antes mencionados devem ser os valores dominantes, não apenas da função da prestação e gestão de serviços, mas do conjunto da administração. Nesta etapa, a função relacional e participativa se desenvolve mais que no modelo racional-legal, mas de forma sempre vinculada e subordinada ao papel de provedor de recursos desempenhado pelo governo. De fato, o modelo provedor e gestor teve por base um acordo social por meio do qual o setor público proporcionou serviços e benefícios econômicos que constituem salário indireto. Isso possibilitou a estabilidade dos rendimentos e dos salários nas empresas privadas. A participação cidadã, por sua vez, fica restrita ao âmbito das necessidades e no desenho das políticas e serviços, não se traduzindo em compromisso de cooperação para dar uma resposta coletiva aos desafios sociais. 14 Os autores mais conhecidos desta escola, assim como seu principal livro, são OSBORNE, D.; GAEBLER, T. La reinvención del gobierno. Barcelona: Paidós, 1995. Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades 91