Efetivamente, Max Weber (que, sem dúvida, foi quem
melhor caracterizou o modelo racional-legal, ou modo burocrático de dominação), considerava que a burocracia era
também um modo de gerir os serviços e não apenas de
garantir a legalidade, a independência e a estabilidade do
governo. Porém, era bastante consciente das limitações de
uma gerência ampla dos serviços por este tipo de gestão.
Neste sentido, Giddens13 nos recorda que o principal argumento de Weber – contrário ao socialismo – era que este significaria uma grande burocratização do Estado e, em particular,
do governo, que acabaria levando à ineficiência na gestão e à
autonomia da burocracia como grupo de poder, que faria o
governo funcionar em função de seus interesses e de grupos
particulares, como efetivamente ocorreu.
De fato, a gestão de recursos e serviços públicos exige
economia, eficácia e eficiência (os denominados três “E”), que,
como já observado, não são valores próprios da burocracia,
nem garantidores de sua proteção como grupo profissional.
A gestão burocrática aplicada à gestão de serviços foi e é altamente ineficiente, provocou e ainda provoca significativas deseconomias que devem ser sustentadas com mais carga fiscal para
os cidadãos e, pior ainda, limita o alcance dos serviços públicos.
O paradigma do governo gestor, ao desenvolver-se com o
modo burocrático, trouxe com ele a necessidade de reforma
permanente, desde o seu começo, para torná-lo mais eficiente.
Entretanto, os distintos instrumentos de reforma – descentralização, centros de controle, orçamentos-programas etc. –
inscreveram-se no modo burocrático e no tipo de gestão que o
caracteriza – a gestão de procedimentos.
13 GIDDENS, A. Política y Sociología en Max Weber. Madrid: Alianza, 1976, p. 76-82.
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Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades