Governança Democrática - 3ª Edição | Page 91

O papel de tal governo se desenvolveu na Europa. Foi assumido no contexto da Guerra Fria e da ameaça do denominado “bloco socialista dos países do leste”, pela aplicação das teses de Keynes sobre a intervenção do governo na economia, por meio do gasto público, e as propostas de Beveridge sobre a ampliação da cobertura da seguridade social para todos os cidadãos. Os desafios do desenvolvimento econômico e as necessidades sociais ou de bem-estar tornaram-se matéria de intervenção governamental e os cidadãos se voltaram para todos os níveis de governo, na busca da satisfação de suas demandas e reivindicações sociais. Neste paradigma, encontramos duas etapas definidas pelo modo de governar que prevaleceu em cada período: o burocrático e o gerencial. A etapa burocrática O modo burocrático, próprio do governo racional-legal, foi o que se aplicou ao novo paradigma administrativo a partir dos anos 50, e que se tornou hegemônico até os anos 80. Ele foi aplicado com os mesmos valores e com a proteção jurídica dos funcionários públicos, porém agora já não era somente gerenciar algumas poucas prestações e serviços ligados às funções de regulação, mas também a prestação de serviços orientados à satisfação de necessidades sociais, que estavam se convertendo na função principal e prioritária dos governos. Os políticos e profissionais da gestão pública não entenderam que se encontravam ante um novo paradigma governamental, ou seja, ante uma reestruturação da organização e funções do governo, e agiram como se fosse tão somente uma ampliação da sua atividade. Não tiveram a consciência de que era preciso governar de um modo diferente. Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades 89