Os valores que presidem a burocracia são os que acabamos
de apontar e que se diferenciam plenamente dos valores relacionados à economia, produtividade e eficiência que predominam no modo gerencial. Entre os profissionais da burocracia
são majoritárias as especialidades vinculadas ao Direito.
O político eleito com a responsabilidade de governar é o
representante dos cidadãos para dar cumprimento às normas
da sociedade, com a ajuda da burocracia que, por ter proteção
especial, impede o governante eleito de usar o poder para fins
pessoais ou partidários. Os políticos, com o apoio da burocracia,
identificam e gerenciam o interesse geral.
A cidadania, neste modo de governar, tem um papel inativo,
limitado praticamente à consulta. Tanto a cidadania como a
iniciativa privada e social são os que devem, via mercado e livre
iniciativa, alcançar o maior bem-estar possível por meio do
marco legal-regulador e garantidor da liberdade do mercado e
da ação social. O governo é o representante eleito da sociedade
e, em seu nome, exerce sua ação normativa e reguladora.
O tipo que se desenvolve neste modo de governar é o da
gestão de procedimentos. Trata-se de estabelecer cuidadosamente os processos e regulamentá-los. A tarefa do burocrata é
seguir os procedimentos e não assegurar resultados. Estes, se
supõe, resultarão do cumprimento da regulamentação estabelecida. Nisto, não difere dos processos próprios do maquinismo
industrial, dos métodos tayloristas. A diferença com a produção
de bens e serviços reside em que seu posto de trabalho não é
flexível e que os processos da administração não estão organizados em função da produtividade. Os serviços, para garantir a
conformidade com os regulamentos, são organizados por estes
mesmos processos.
O modo gerencial de prestação e gestão de recursos públicos
começa nos anos 80, tem seu esplendor nos 90 e na atualidade
ainda é o modo dominante.
Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades
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