A meu juízo, essas afirmações estão corretas, mas são insuficientes, porque tratam a governança simplesmente como mais
uma dimensão de governo, e não como uma nova arte de
governar ou modo de governar, que tem na dimensão relacional (isto é, na colaboração interinstitucional e público-privada e no envolvimento da cidadania) a sua principal prioridade
e o eixo estruturante da ação governamental.
A governança democrática é mais do que uma
dimensão da ação de governo
Para melhor caracterizar a governança como uma nova arte
(modo) de governar e para diferenciá-la de outras maneiras,
creio ser adequado distinguir, por um lado, os governos-tipo ou
modelos de governo que se salientam pela relação principal que
estabelecem com a cidadania; e esta relação leva a uma articulação específica das diversas funções de gerir a coisa pública.
Por outro lado, fazemos distinção entre os modos de governar
ou modelos de governação,6 que constituem a maneira pela
qual o governo exerce sua ação. Eles se definem fundamentalmente pelas finalidades que buscam alcançar, os valores e princípios em que baseiam suas funções, o tipo de gestão específico
que desenvolvem para atingir seus objetivos, bem como a
“função” que atribuem aos políticos, aos profissionais da administração e à cidadania na forma de governar.
6 Governação é usado no mesmo sentido como definido pelo Dicionário da Real
Academia da Língua Espanhola: “Ação e efeito de governar/exercício do governo.”
Compreendemos, naturalmente, por governo um “conjunto de organizações
e indivíduos que dirigem um território e as funções que eles desempenham”.
Assim, modelos de governação ou formas de governar são modelos de exercer a
ação governamental.
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Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades