capacidade de suas instituições representativas disporem de um
projeto de futuro compartilhado e das cumplicidades que este
projeto possa gerar no conjunto da cidadania.5
Enfim, é muito frequente confundir, na ação de um governo,
a governança com a dimensão relacional de participação cidadã
ou de cooperação, seja esta público-privada ou interinstitucional, e não percebê-la como um novo modo de governar. Por
esta razão, é preciso que vejamos o tema com um pouco mais
de cuidado neste capítulo e, especialmente, no seguinte.
Argumenta-se, de modo cada vez mais frequente por parte
dos especialistas em ciências sociais e políticas, particularmente, que o envolvimento da cidadania é fundamental para
que um governo atue e realize serviços em função das necessidades e desafios dos cidadãos e, desse modo, desenvolva
uma gestão de qualidade. Também se aponta, de modo perfeitamente compatível com a afirmação anterior, que a participação cidadã é uma garantia para a melhoria da qualidade
democrática de uma administração.
Por outro lado, dada a insuficiência de recursos públicos
para fazer frente às necessidades sociais, bem como o fato de
que a sociedade atual é cada vez mais interdependente,
considera-se que são gerados mais espaços de interação, como
é o caso de desenvolvimento de projetos, em que são necessárias a colaboração institucional e a cooperação pública e privada.
Portanto, conclui-se que esta dimensão da gestão das interdependências será um tema de grande desenvolvimento por parte
dos governos, especialmente dos gestores locais. Ou seja, tanto
do ponto de vista participativo como da colaboração entre
atores, a governança será a dimensão da gestão governamental
à qual teremos que dar mais atenção, a partir de agora.
5 Ver SUBIRATS, J. “¿Qué Gestión Pública para qué Sociedad? Una mirada
prospectiva sobre el ejercicio de la gestión pública en las sociedades europeas
actuales”. Instituto de Gobierno y Políticas Públicas. UAB, 2003.
Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades
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