Governança Democrática - 3ª Edição | Page 57

Esta orientação do governo municipal, para que a nova governança possa consolidar-se e se converta no modo de governar próprio da cidade, exige uma mudança na organização, nos critérios de atuação da administração e, portanto, no seu modo de atuar e relacionar-se com a sociedade civil e a cidadania. Porém, há que se levar em conta que se trata de inovar em um meio institucional muito consolidado e bastante resistente à mudança, no qual não poucas reformas fracassaram. A mudança organizacional é tão necessária quanto complexa. É por isso que devem ser evitadas as experiências de abordagens que fracassaram: a. Os projetos de transformação rápida, baseados em equipes externas, com grande apoio político, para introduzir os critérios de atuação e fórmulas de medição de produtos e resultados. O problema dessas metodologias é que são dificilmente assimiladas pela organização e que, ao findar a pressão política, seja por cansaço ou por mudança dos dirigentes, as pautas habituais desnaturalizam o sentido das reformas ou simplesmente as tornam letras mortas. b. As reformas que consistem em formar pessoal fora da instituição em faculdades ou escolas de administração de alta qualidade acadêmica. Esta abordagem consegue formar determinados profissionais da administração, porém estes, ao retomar os seus postos de trabalho, vão encontrar um ambiente que não se transformou e é pouco permeável à aplicação das novas práticas de gestão. Em médio prazo, esses profissionais são absorvid os pelo entorno. O meio é muito mais hostil quando os profissionais são formados em técnicas de gestão empresarial. Neste caso, à habitual rigidez de um marco institucional se soma uma grande confusão: a administração não é uma empresa. Uma boa administração pública é a condição necessária para que as empresas privadas e a sociedade civil funcionem. Portanto, as características de objetividade, equidade, transparência, Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades 55