Esta orientação do governo municipal, para que a nova
governança possa consolidar-se e se converta no modo de
governar próprio da cidade, exige uma mudança na organização, nos critérios de atuação da administração e, portanto, no
seu modo de atuar e relacionar-se com a sociedade civil e a
cidadania. Porém, há que se levar em conta que se trata de
inovar em um meio institucional muito consolidado e bastante
resistente à mudança, no qual não poucas reformas fracassaram. A mudança organizacional é tão necessária quanto
complexa. É por isso que devem ser evitadas as experiências de
abordagens que fracassaram:
a. Os projetos de transformação rápida, baseados em equipes
externas, com grande apoio político, para introduzir os
critérios de atuação e fórmulas de medição de produtos e
resultados. O problema dessas metodologias é que são dificilmente assimiladas pela organização e que, ao findar a
pressão política, seja por cansaço ou por mudança dos dirigentes, as pautas habituais desnaturalizam o sentido das
reformas ou simplesmente as tornam letras mortas.
b. As reformas que consistem em formar pessoal fora da instituição em faculdades ou escolas de administração de alta
qualidade acadêmica. Esta abordagem consegue formar
determinados profissionais da administração, porém estes,
ao retomar os seus postos de trabalho, vão encontrar um
ambiente que não se transformou e é pouco permeável à
aplicação das novas práticas de gestão. Em médio prazo,
esses profissionais são absorvid os pelo entorno. O meio é
muito mais hostil quando os profissionais são formados em
técnicas de gestão empresarial. Neste caso, à habitual
rigidez de um marco institucional se soma uma grande
confusão: a administração não é uma empresa. Uma boa
administração pública é a condição necessária para que as
empresas privadas e a sociedade civil funcionem. Portanto,
as características de objetividade, equidade, transparência,
Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades
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