Governança Democrática - 3ª Edição | Page 43

É nas cidades que se sente mais severamente o retrocesso nos direitos sociais e o aumento dos processos de vulnerabilidade e exclusão social. Para frear esses retrocessos e poder avançar os direitos sociais em um futuro menos turbulento, os governos locais despontam como necessários. São, porém, insuficientes devido tanto à amplitude como à complexidade das renovadas desigualdades sociais nas cidades. É necessário desenvolver uma nova visão do bem-estar social e urbano que passa, entre outras iniciativas, pela implementação da gestão estratégica compartilhada entre as prefeit uras, o terceiro setor e a economia social – as empresas com responsabilidade social – e os setores da cidadania socialmente comprometida. A deterioração das finanças públicas locais na maioria das prefeituras resultou em crise dos governos urbanos. As prefeituras que até então atuam como provedoras e gestoras de serviços e assistência, não podem mais, com seus recursos próprios, fazer frente às demandas sociais do presente e aos desafios futuros, fato que provocou a crise de governança mencionada e, em não poucos casos, também a crise de governabilidade. A configuração das novas políticas públicas e a transformação das prefeituras serão discutidas a seguir, assim como as bases de um projeto para a transformação da administração municipal em um novo modo de governar: a nova governança pública. Os novos modos de governo municipal Ante a dimensão da crise societária e dos novos desafios para o futuro das cidades, existem dois grandes modelos-tipo de reação: o modelo provedor e gestor de serviços e a nova governança pública, ou governança democrática. O primeiro, amplamente dominante, consiste em atuar com o mesmo modelo de gestão anterior à chegada da crise financeira dos anos 2007-2008, ou seja, centrado na oferta de Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades 41