Duas alternativas se apresentam aos governos locais ante a
crise de suas finanças:
• Contrair-se, reduzir ao mínimo a sua atuação e a da cidade
e esperar clarear o ambiente das grandes turbulências que o
afeta. A redução do déficit e da dívida locais, principalmente
devido à falta de receita diante da contração da atividade
econômica local, não pode levar à redução das possibilidades da cidade combater a crise e, em especial, à imobilidade do governo local ante as suas responsabilidades para
com a cidade e seus cidadãos.
• Mas outros, no entanto, enfrentam a crise preparando-se
para um futuro, avançando em coesão social e em competitividade econômica e tecnológica. Com o crescimento
das necessidades e dos desafios sociais decorrentes da
grande mudança social que envolve a crise, e apesar da
necessidade de reduzir o déficit dos governos locais, os
municípios mais dinâmicos convocam o conjunto da sociedade civil para levar a cabo uma estratégia compartilhada, ou seja, um plano estratégico, que envolva todos a
enfrentar os principais desafios colocados pela crise e
lançar as bases para um novo desenvolvimento econômico e social.
Os municípios que decidem articular toda a cidade para
enfrentar a crise propõem uma inovação clara na política.
A coesão, que se entendia como uma consequência do crescimento econômico, é agora entendida como coesão na adversidade para gerar transformação social e desenvolvimento humano.
Uma estratégia de transformação urbana no atual contexto
de crise deve ter uma série de características que a diferenciam
especialmente do planejamento estratégico que foi realizado
em não poucas cidades espanholas e latino-americanas, em
geral nos anos 90 e primeira década do século XXI. As características hoje requeridas são:
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Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades