Governança Democrática - 3ª Edição | Page 24

Duas alternativas se apresentam aos governos locais ante a crise de suas finanças: • Contrair-se, reduzir ao mínimo a sua atuação e a da cidade e esperar clarear o ambiente das grandes turbulências que o afeta. A redução do déficit e da dívida locais, principalmente devido à falta de receita diante da contração da atividade econômica local, não pode levar à redução das possibilidades da cidade combater a crise e, em especial, à imobilidade do governo local ante as suas responsabilidades para com a cidade e seus cidadãos. • Mas outros, no entanto, enfrentam a crise preparando-se para um futuro, avançando em coesão social e em competitividade econômica e tecnológica. Com o crescimento das necessidades e dos desafios sociais decorrentes da grande mudança social que envolve a crise, e apesar da necessidade de reduzir o déficit dos governos locais, os municípios mais dinâmicos convocam o conjunto da sociedade civil para levar a cabo uma estratégia compartilhada, ou seja, um plano estratégico, que envolva todos a enfrentar os principais desafios colocados pela crise e lançar as bases para um novo desenvolvimento econômico e social. Os municípios que decidem articular toda a cidade para enfrentar a crise propõem uma inovação clara na política. A coesão, que se entendia como uma consequência do crescimento econômico, é agora entendida como coesão na adversidade para gerar transformação social e desenvolvimento humano. Uma estratégia de transformação urbana no atual contexto de crise deve ter uma série de características que a diferenciam especialmente do planejamento estratégico que foi realizado em não poucas cidades espanholas e latino-americanas, em geral nos anos 90 e primeira década do século XXI. As características hoje requeridas são: 22 Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades