Governança Democrática - 3ª Edição | Page 238

tório e não apenas a oferta municipal ou pública, e se coloca em uma situação de corresponsabilidade. Para finalizar esta seção, é importante observar que muito frequentemente ocorrem erros na concepção dos processos participativos, que levam à inoperância dos mesmos e debilitam a importante contribuição da participação cidadã à democracia local e como dimensão que não só completa, mas qualifica, a democracia, que é fundamentalmente representação. Entre os principais erros, encontramos: • Confunde-se participação com elaboração de estratégias ou de projetos, tarefa complexa e precisa, de rigor técnico e conceitual, pelo que não se pode entregá-la aos processos participativos. Tal como já observado, estes processos devem identificar desafios e interesses, e estes são o principal insumo para a elaboração de estratégias. O contrário significaria obter estratégias e projetos sem legitimação nem apoio social, e o processo de elaboração não teria impacto na melhoria da capacidade de organização. • Atribui-se erroneamente à participação cidadã a aprovação das estratégias e projetos. De fato, a participação irá referendar e dar consentimento majoritário à estratégia e, sobretudo, aos projetos. Mas a aprovação dos mesmos depende dos atores que têm capacidade para levá-los a termo. A aprovação participativa de projetos sem o compromisso prévio dos atores relevantes para a sua execução não traz a garantia de que estes serão concretizados, com o que se produz uma importante frustração de expectativas nas pessoas e uma desconfiança nos processos participativos. Desconfiança que surge de serem propostas aos participantes, deliberações que não lhes dizem respeito. Dos processos participativos podem, sim, sair critérios de atuação que orientem a ação política e a gestão de redes. 236 Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades