Governança Democrática - 3ª Edição | Page 226

ciados pelo município que alcance 4% da população-alvo e, na verdade, só atingir os 2%. A partir dessa defasagem definirá, com data precisa e possível – digamos, quatro anos –, o incremento de recursos próprios e das transferências de outras administrações para conseguir o aumento da cobertura. Esta forma de atuar dos governos locais, tão centrada na atividade setorial e no impacto populacional que pode obter, desconsidera o nível de cobertura necessário para o conjunto da população que depende do município, esquecendo que foram escolhidos como representantes por todos os cidadãos para cuidar da satisfação de todos e não só daqueles aos quais pode chegar por meio de sua ação setorial. Um governo relacional se fixará nos níveis de cobertura a serem alcançados no conjunto do município e buscará articular e coordenar com todos os atores as medidas necessárias para tal. É preciso um planejamento compartilhado e também uma gestão das interdependências dos atores para atingi-los. Assim, no mesmo município do exemplo anterior, detecta-se que o nível de cobertura necessário é de 6%, a oferta financiada é logicamente a mesma, 2%, mas na nova perspectiva identificase que outros 2% são cobertos pela iniciativa social e privada, e, além disso, 75% da população dependente está sob o cuidado de familiares. No novo modo de governar, o que procede é constituir um grande acordo estratégico entre a prefeitura, a iniciativa social e empresarial e os demais níveis de governo para desenvolver ações coordenadas destinadas a alcançar os 6% de cobertura necessários. A aplicação da Lei de Promoção da Autonomia Pessoal e Atenção a Pessoas em Situação de Dependência, denominada coloquialmente Lei da Dependência, está significando um aumento da oferta de serviços nos municípios. Dadas a procedência distinta dos fundos públicos, a terceirização da gestão dos serviços e o incremento da variedade dos mesmos, torna-se 224 Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades