Governança Democrática - 3ª Edição | Page 222

terceirização via licitações, em que a produtividade é o critério dominante. A uma crítica injusta à gestão por procedimentos burocrático-administrativos (que ainda que não sirvam para gerir serviços, mantêm a função da garantia de direitos e de racionalidade legal) se juntou a exaltação de tudo que procede do mundo dos negócios. Na governança, ainda que admitindo que o aumento de cobertura se relacione diretamente com a satisfação da necessidade do usuário, como no caso de alguns serviços em domicílio dedicados a pessoas com grandes dependências permanentes, o critério de eficácia não é o mesmo do modo gerencial. Não é simplesmente o incremento da cobertura, mas o impacto do serviço na capacidade de organização e ação do conjunto da cidadania para satisfazer ou dar respostas às necessidades e desafios sociais. Isto é, o que a governança exige como critério de eficácia ou, o que é o mesmo, como cumprimento de objetivos próprios do seu modo de governar, é que a prestação e gestão de serviços financiados com fundos públicos tenham uma dimensão comunitária. Que contribuam para melhorar a capacidade de resposta do conjunto da sociedade. Na governança, é preciso exigir da gestão dos serviços a complementaridade com outros serviços do município, para formar redes de atuação público-privadas sob a responsabilidade pública, assim como o envolvimento comunitário de famílias e usuários em ações de melhoria do capital social, ou, em termos mais tradicionais, de desenvolvimento comunitário. O esquema que diferencia o modo de governar gestor ou gerencial da governança aplicado à área do bem-estar social é o seguinte: 220 Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades