Governança Democrática - 3ª Edição | Page 21

as demais desigualdades sociais iniciais, a desconfiança nas instituições e na política, e gerou a cultura da decepção, medo8 ou indignação que reproduzem de maneira ampliada a ruptura social, moral e institucional que deu origem à crise financeira.9 A crise social requer soluções urbanas As cidades foram sempre meio de inovação e berço das novas eras econômicas e sociais. Como consequência da densidade das relações humanas, seu papel é ainda mais evidente na denominada era infoglobal, isto é, dos processos de interdependência dos fluxos entre territórios cuja infraestrutura se baseia nas tecnologias da informação e da comunicação e são, por isso, o lugar essencial para transformar e confrontar a ruptura social, institucional, moral e do modo de governar que caracteriza a crise social atual. Pelas seguintes razões: a) A Terra, um planeta das cidades: A população europeia já se concentra em mais de 75% nas cidades. Em 2025, o percentual da população urbana chegará até 85% na América Latina, 55% na Ásia e 54% no continente africano. b) A interdependência territorial é produzida nas cidades: A sociedade mundial, e muito especialmente a europeia, é um sistema de cidades. Estas não só produzem os fluxos que cruzam o mundo, mas também são elas que se constituem em nós de infraestrutura pelos quais passam esses fluxos. As cidades são os nós da rede de interdependências econômicas, sociais e culturais que constituem a globalização. por isto que as boas práticas de inovação urbana são suscetíveis de globalizar-se rapidamente entre as cidades. 8 Ver ESTEFANÍA, J. La economía del miedo. Barcelona: Galaxia Gutenberg, 2011. p. 9 a 25. 9 Ver KRUGMAN, P. ¡Acabad ya con esta crisis! Madrid: Critica, 2012. p. 121 a 163. Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades 19