via direção cultural e moral, deva ser levada em conta.4 É importante entender, contudo, que não se trata mais de gerar um
grande bloco contra alguém ou classe social, mas de construir o
interesse geral a partir dos interesses legítimos dos diferentes
setores sociais.
É claro que, em não poucas ocasiões, setores sociais minoritários ficam à margem deste acordo, mas esta minoria não se
transforma em inimigo a ser abatido. Tampouco aqui afirmamos
que se trata de construir o socialismo ou o comunismo, mas de
avançar em condições dadas na direção do desenvolvimento
humano. Nem mesmo se trata de priorizar um “ismo”, seja liberalismo, socialismo ou nacionalismo, mas de enfatizar e priorizar os valores e atitudes democráticos de fortalecimento dos
direitos humanos e as atitudes de respeito, tolerância, abertura
e criatividade. O mais importante é que hoje a democracia não
pode ser entendida simplesmente como um meio, mas como
meio e fim. Por último, já não se vê o partido como o grande
organizador desse amplo acordo social, mas sim os líderes
eleitos no exercício das funções de governo, a pessoa eleita
como representante pela maioria dos cidadãos, seja para
governar o conjunto da população que vive em um território,
seja para assumir a responsabilidade de uma política setorial,
como é o caso da política de bem-estar social. Entretanto, para
isto, é imprescindível que o governante eleito não realize sua
tarefa tendo em conta apenas seus eleitores, mas todo o
conjunto de habitantes do território ou cidade, ainda que possa
partir dos interesses (não dos posicionamentos) de seus eleitores, aos quais, sem dúvida, deve corresponder a confiança
nele depositada.
Estamos, pois, em sintonia com Gramsci no sentido de que,
na governança democrática, a construção coletiva do desenvol4 Ver BOBBIO, Norberto. Gramsci y la concepción de la sociedad civil in: Gramsci y
las Ciencias Sociales. Mexico: Pasado y Presente, 1997, p. 65-94.
Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades
177