Governança Democrática - 3ª Edição | Page 171

Para uma tarefa de representação cidadã que tenha por objetivo o envolvimento da cidadania no “fazer a cidade”, o eleito precisa de métodos de participação que o ajudem a identificar os interesses que se escondem por trás dos posicionamentos, e que os próprios interessados possam reconhecê-los. Por sua vez, precisa ter capacidade de análise e conhecimento dos conteúdos, para poder desenhar os projetos de futuro que integrem de maneira complementar e sinérgica os distintos interesses em jogo. O importante destas técnicas não é que o político eleito tenha um conhecimento direto das mesmas, mas que lhe sejam proporcionadas por profissionais da gestão relacional que, sem dúvida, nos governos relacionais terão maior relevância que os gestores de serviços, para poder dar apoio ao trabalho de liderança, que é a tarefa própria e insubstituível do político eleito. Entretanto, em uma tarefa de gestão relacional, e em circunstâncias em que não há prestação de serviços públicos, é essencial a legitimidade do polí tico eleito, que repousa na revalorização da política e dos políticos, no comportamento como expressão de valores éticos e na eficácia baseada no uso de novas metodologias e técnicas. Uma nova visão do poder A governança dá à gestão democrática uma nova relevância. Em um governo cuja atuação tenha por base a provisão de recursos, a limitação destes em relação ao PIB leva necessariamente à perda de peso do governo democrático na sociedade. Contrariamente, a perspectiva da construção do interesse geral em cada setor, em cada projeto, envolvendo os atores e buscando o apoio da cidadania, dá sem dúvida um novo e renovado papel ao governo e à política democrática, de maior alcance que o modo gerencial, e permite superar a visão do público como um setor diferenciado, inclusive, em oposição ao setor privado ou à iniciativa não lucrativa. Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades 169