Para uma tarefa de representação cidadã que tenha por objetivo o envolvimento da cidadania no “fazer a cidade”, o eleito
precisa de métodos de participação que o ajudem a identificar os
interesses que se escondem por trás dos posicionamentos, e que
os próprios interessados possam reconhecê-los. Por sua vez,
precisa ter capacidade de análise e conhecimento dos conteúdos,
para poder desenhar os projetos de futuro que integrem de
maneira complementar e sinérgica os distintos interesses em
jogo. O importante destas técnicas não é que o político eleito
tenha um conhecimento direto das mesmas, mas que lhe sejam
proporcionadas por profissionais da gestão relacional que, sem
dúvida, nos governos relacionais terão maior relevância que os
gestores de serviços, para poder dar apoio ao trabalho de liderança, que é a tarefa própria e insubstituível do político eleito.
Entretanto, em uma tarefa de gestão relacional, e em
circunstâncias em que não há prestação de serviços públicos, é
essencial a legitimidade do polí tico eleito, que repousa na revalorização da política e dos políticos, no comportamento como
expressão de valores éticos e na eficácia baseada no uso de
novas metodologias e técnicas.
Uma nova visão do poder
A governança dá à gestão democrática uma nova relevância.
Em um governo cuja atuação tenha por base a provisão de
recursos, a limitação destes em relação ao PIB leva necessariamente à perda de peso do governo democrático na sociedade.
Contrariamente, a perspectiva da construção do interesse geral
em cada setor, em cada projeto, envolvendo os atores e
buscando o apoio da cidadania, dá sem dúvida um novo e renovado papel ao governo e à política democrática, de maior
alcance que o modo gerencial, e permite superar a visão do
público como um setor diferenciado, inclusive, em oposição ao
setor privado ou à iniciativa não lucrativa.
Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades
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