humano, o papel do eleito é justamente o de gestor 9 dos
processos das interdependências dos distintos atores e setores
da cidadania.
Para reger a articulação das interdependências, para encaminhá-las na direção do desenvolvimento humano, o gestor municipal dispõe de sua capacidade como produtor de legislação (que
em um governo local é pouco significativa, com exceção da área
de urbanismo), de algum recurso econômico que pode aplicar
(cujo crescimento, como foi apontado, tende a zero, ainda que a
descentralização seja um tema pendente na maioria dos países da
União Europeia e, particularmente, na Espanha) e da legitimidade e reconhecimento como eleito (que na atualidade está em
crise, mas que pode ser recuperada). Sem dúvida, é a legitimidade política que valoriza o papel nos processos de negociação
relacional, mediação e busca de acordo. A valorização da política
importa para que o eleito possa influir na coordenação e
mediação das relações entre os distintos atores.
Podemos agora dizer: a legitimidade importa para que o
gestor possa ser o organizador coletivo; porém, assumir o novo
papel também é fonte de legitimidade. O que, então, é mais
importante ou tem um papel determinante, se não quisermos
cair numa tautologia? Sem dúvida, ambos os processos interagem, mas o papel determinante hoje, por parte dos políticos,
é assumir a mudança do papel de eleito local para o de gestor
de recursos para a construção coletiva do desenvolvimento
humano e do interesse geral do conjunto do território, ou de
um setor de atividade. E fazê-lo dispondo das habilidades específicas e das técnicas necessárias, o que propiciará a revalorização e o reconhecimento da representação política, à qual a
perspectiva do governo relacional e a governança dão novas e
renovadas oportunidades.
9 Vereador, que na Espanha tem função executiva. No original, consejal, quer dizer
o que rege ou governa. Dicionário da Língua Espanhola. (Nota do Tradutor)
164
Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades