Governança Democrática - 3ª Edição | Page 165

sentante foi eleito por empresários, universitários, comunidade religiosa etc. Na verdade, o único representante votado por todos os cidadãos e apenas enquanto cidadãos é o político eleito. Apenas se este assumir a liderança, existirão as condições para que a governança seja realmente integradora. Sem dúvida, um dos déficits democráticos que pode envolver a governança é a exclusão dos setores que não dispõem de capacidades organizativas ou de interlocução na defesa de seus interesses. O político-governante caracterizará sua aposta na democracia por meio de ações positivas que desenvolva para conseguir a melhoria da capacidade de representação dos interesses de todos os setores e, em especial, dos mais vulneráveis. Esta tarefa, ainda que se refira a todos os âmbitos do governo local, corresponde muito frequentemente de modo específico aos políticos com responsabilidades de governo nas áreas de bem-estar social. A democracia, como afirma com veemência Zafra,8 é representação. Se esta falha, o que falha é a democracia. As denominadas democracias participativas e deliberativas são, sem dúvida, aspec tos que contribuem para assegurar que se produza uma boa representação ao longo dos mandatos entre as eleições, mas é muito pouco razoável pensar que um complemento possa substituir o essencial, que é a eleição do representante e a qualidade da representação como ingredientes básicos da democracia. Um novo papel para o eleito local Em um governo relacional, cujo principal papel é organizar a capacidade coletiva para promover o desenvolvimento 8 ZAFRA, Moise. El ayuntamiento como gobierno facilitador de consensos. Barcelona: F. Pi i Sunyer, 2003. Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades 163