Governança Democrática - 3ª Edição | Page 161

Aos argumentos de Sen, podemos acrescentar outros que os complementam: • Castells observou, como principal fator da evolução dos países da antiga URSS3 para a democracia, que os regimes autoritários não podiam fazer frente ao novo desafio da economia informacional, que exigia liberdade de informação para poder produzir conhecimentos e inovação. • No mesmo sentido, Prats4 mostra como as relações institucionais entre os atores ou, o que é o mesmo, o modelo de interação deles incide diretamente no desenvolvimento econômico. O modelo de interação revela a capacidade de inovação, a flexibilidade para a incorporação de novos atores e a reforma das estratégias dos atores tradicionais. O marco de interação determina a classe de conhecimentos e habilidades necessários para nos adaptarmos à era infoglobal. As características do modelo de interação hoje necessárias são: abertura, flexibilidade e integração. Estas, como é óbvio, se baseiam nos mesmos valores da democracia política. • Putnam demonstrou que a maior capacidade de colaboração entre os atores – o capital social – nas cidades do Norte da Itália, é o fator que explica o desenvolvimento diferenciado em relação às cidades do Sul.5 A democracia não só facilita a geração destas vantagens colaborativas, mas também o capital social, ao significar participação e colaboração cidadã, que é condição para que a democracia funcione. • O bom funcionamento das instituições facilita o desenvolvimento econômico, como bem registrou o BID em seu 3 CASTELLS, M. La Era de la información, v. 3. Madrid: Alianza, 2000. 4 PRATS, Joaquin. Bolivia: El desarrollo posible, las instituciones necesarias. Barcelona: Instituto de Gobernabilidad, 2003. 5 PUTNAM, D. Making Democracy Work. Princeton: Princeton University Press, 1990. Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades 159