Aos argumentos de Sen, podemos acrescentar outros que
os complementam:
• Castells observou, como principal fator da evolução dos
países da antiga URSS3 para a democracia, que os regimes
autoritários não podiam fazer frente ao novo desafio da
economia informacional, que exigia liberdade de informação para poder produzir conhecimentos e inovação.
• No mesmo sentido, Prats4 mostra como as relações institucionais entre os atores ou, o que é o mesmo, o modelo de
interação deles incide diretamente no desenvolvimento
econômico. O modelo de interação revela a capacidade de
inovação, a flexibilidade para a incorporação de novos
atores e a reforma das estratégias dos atores tradicionais.
O marco de interação determina a classe de conhecimentos
e habilidades necessários para nos adaptarmos à era infoglobal. As características do modelo de interação hoje
necessárias são: abertura, flexibilidade e integração. Estas,
como é óbvio, se baseiam nos mesmos valores da democracia política.
• Putnam demonstrou que a maior capacidade de colaboração entre os atores – o capital social – nas cidades do
Norte da Itália, é o fator que explica o desenvolvimento
diferenciado em relação às cidades do Sul.5 A democracia
não só facilita a geração destas vantagens colaborativas,
mas também o capital social, ao significar participação e
colaboração cidadã, que é condição para que a democracia funcione.
• O bom funcionamento das instituições facilita o desenvolvimento econômico, como bem registrou o BID em seu
3 CASTELLS, M. La Era de la información, v. 3. Madrid: Alianza, 2000.
4 PRATS, Joaquin. Bolivia: El desarrollo posible, las instituciones necesarias. Barcelona:
Instituto de Gobernabilidad, 2003.
5 PUTNAM, D. Making Democracy Work. Princeton: Princeton University Press, 1990.
Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades
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