governos e as organizações empresariais, sociais e a cidadania
em geral. Governança é, portanto, uma nova forma de governar
própria da sociedade em rede, é o modo de governar para fazer
frente à crescente complexidade e diversidade das sociedades
contemporâneas, que se caracterizam pela interação de uma
pluralidade de atores, relações horizontais, pela participação da
sociedade no governo e sua responsabilidade de fazer frente
aos desafios socialmente colocados.
Este conceito foi intencionalmente mal interpretado por
alguns setores, que consideraram que a governança permite um
certo “relaxamento” das funções do governo democrático e
prioriza as relações entre o governo e as grandes corporações
empresariais e institucionais em detrimento das relações com a
cidadania em geral, produzindo, deste modo, o aviltamento dos
valores públicos e da própria política. Esta concepção é própria
tanto dos neoconservadores, que buscam o domínio da sociedade por meio dos grandes interesses corporativos, como dos
críticos que vão a seu reboque e tão somente invertem seus
argumentos, sem, contudo, serem capazes de encontrar uma
estratégia própria. Seja como for, é preciso diferenciar-se desta
concepção e, para isso, é necessário entender o uso do conceito
que se faz neste livro.
O que é governança democrática? O movimento de cidades
e regiões denominado Aeryc (América-Europa de Regiões e
Cidades), que promove a governança democrática como sendo
o modo de governar cidades mais adequado à sociedade
contemporânea, a define como “uma nova arte de governar
os territórios (o modo de governar próprio do governo relacional), cujo objeto é a capacidade de organização e ação da
sociedade, por meio da gestão relacional ou de redes, tendo
como finalidade o desenvolvimento humano”.2 Em outras
palavras, não se trata apenas de gerir as relações e interde2 Ver .
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Governança Democrática: Construção coletiva do desenvolvimento das cidades